‘Judeus venceram uma licitação, mas, por questões ideológicas, não podemos aprovar’, disse o ministro.
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, denunciou interferências ideológicas do próprio governo nos acordos firmados pelo Ministério da Defesa. Ele proferiu a declaração nesta terça-feira, 8, em evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
De acordo com o ministro, um exemplo dessa interferência teria ocorrido quando a Defesa firmou um acordo de venda de munição do Exército brasileiro para a Alemanha. José Múcio Monteiro disse que, à época, o governo vetou o negócio.
“Judeus venceram uma licitação, mas, por questões ideológicas, não podemos aprovar”, disse José Múcio Monteiro. “Temos uma munição no Exército que não usamos. Fizemos um grande negócio. A venda foi vetada porque, senão, o alemão vai mandar para a Ucrânia, e a Ucrânia vai usar contra a Rússia. E a Rússia vai mexer nos nossos acordos de fertilizantes.”
Desde o começo do mandato, Lula fez acenos ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, e criticou em diversas ocasiões o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. O petista disse, por exemplo, que a responsabilidade da guerra é de ambos os países do Leste Europeu. Mas o marco inicial do conflito se deu em fevereiro de 2022, data em que Putin ordenou a invasão militar no país vizinho. Pelo menos uma dezena de cidades foi bombardeada naquele dia.
No mesmo evento, José Múcio Monteiro criticou a importação de potássio canadense pelo Brasil. “Temos a segunda maior reserva, mas, como está embaixo da terra dos índios, nós não podemos explorar”, disse.
Entenda por que José Múcio Monteiro participou de um evento da CNI
No evento, o ministro revelou que as exportações de produtos de defesa em outubro atingiram um recorde de US$ 1,6 bilhão, equivalentes a R$ 8,8 bilhões. O anúncio ocorreu depois da assinatura de um acordo com a CNI, para impulsionar a Base Industrial de Defesa e Segurança (Bids).
Esse recorde iguala o marco histórico da indústria de defesa de 2021. As negociações ainda em andamento mostram que os números deste ano poderão ultrapassar o período de 2014 a 2023.
Apesar das interferências ideológicas…
O acordo, com duração de seis anos, foi firmado por José Mucio Monteiro e o presidente da CNI, Ricardo Alban. A parceria permitirá que a CNI acesse a base de dados da Defesa, analisada pelo Observatório Nacional da Indústria.
Essa análise abrirá novas oportunidades para o setor no país e no exterior. Dados sobre aquisição de armamentos e valores transacionados entre países podem servir como referência para a Defesa em futuras negociações.
José Mucio Monteiro destacou a relevância do acordo para a pasta, com dados que podem fundamentar propostas de aumento no Orçamento junto ao Congresso.
“Significa informação, comparação, para que possamos oxigenar o nosso discurso, para dar força a nossa indústria da defesa brasileira”, observou o ministro. “Em 2023, foram investidos em produtos de defesa no mundo US$ 2 trilhões. Países que, por preceitos constitucionais, são proibidos de investir em equipamentos de defesa, como Japão e Portugal, estão se armando. O mundo todo está se armando. Alguns usam essas armas para defesa, outros para ataque.”