Com descontrole fiscal, improviso e crise política, Lula 3 patina no escândalo da Previdência
A crise provocada pelo escândalo da fraude no INSS revelou mais do que um esquema de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas. Expôs, mais uma vez, o improviso, o descontrole e a falta de comando no coração do governo Lula 3. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua equipe falharam em responder com rapidez, firmeza e transparência, optando por paliativos e hesitações políticas, enquanto milhares de brasileiros lesados aguardam explicações e, principalmente, reparações.
Segundo matéria publicada pela Folha de S.Paulo, integrantes do próprio governo defendem que os valores roubados sejam devolvidos imediatamente às vítimas, mesmo sem qualquer definição clara sobre os meios legais, os critérios de restituição ou o volume total do rombo. A ideia é arrancar o esparadrapo na marra, estancando o sangramento de imagem do Planalto, mesmo sem saber o tamanho da ferida.
Essa tentativa de resposta apressada revela um traço recorrente da gestão petista: agir sob pressão e sem planejamento. A proposta de devolver os valores antes de identificar precisamente os lesados ou garantir os recursos junto às entidades envolvidas é mais um improviso com potencial para gerar insegurança jurídica e uma nova onda de insatisfação popular.
Ainda segundo a Folha, o escândalo, que começou a ferver com a deflagração da Operação Sem Desconto, pode ganhar contornos ainda mais graves com o surgimento de documentos, como cadernos de anotações de propina e suspeitas de aprovação de descontos em massa. Mesmo diante de sinais claros de irregularidades, o governo demorou a reagir e se limitou a substituir Carlos Lupi por seu antigo braço direito, Wolney Queiroz, o que soou como uma troca de seis por meia dúzia.
A estrutura da Previdência, um dos pilares do Estado brasileiro, foi novamente entregue a um aliado político sem histórico técnico na área e sem projeto de modernização. O INSS, que já vinha sendo sucateado, tornou-se terreno fértil para esquemas lesivos aos mais vulneráveis. Trata-se de mais um “pneu careca” do governo Lula — como apontado na análise da Folha — que pode estourar a qualquer momento, a exemplo do que se vê também no setor elétrico, outro ponto sensível da administração atual.
O cálculo político para manter o apoio do PDT, partido de Lupi, também falhou. A legenda declarou “independência” e aumentou o desgaste do governo, já enfraquecido por episódios recentes de desarticulação com o União Brasil e outros aliados do centrão.
A oposição, embora cautelosa, já articula uma CPI para investigar o escândalo. Ainda que se reconheça a baixa eficácia prática das comissões parlamentares, o simples espetáculo político pode inflamar as redes sociais e jogar mais lenha na fogueira da impopularidade.
Enquanto isso, Lula mantém a rotina de viagens internacionais. Após passagem pela Rússia, o presidente prepara-se para visitar a China, num momento em que sua ausência em solo nacional é vista com crescente desconforto até mesmo entre apoiadores. O simbolismo de um presidente em giro internacional enquanto aposentados esperam a devolução de valores subtraídos é um prato cheio para a crítica pública.
A gestão Lula 3 parece cada vez mais à deriva em meio a crises provocadas por aliados mal escolhidos, decisões apressadas e descontrole fiscal. A devolução dos valores indevidamente descontados — ainda sem cronograma ou modelo definido — é apenas o primeiro de muitos testes que o governo enfrentará nos próximos meses. E, se seguir no improviso, pode ver sua credibilidade murchar antes mesmo de alcançar a metade do terceiro ano de mandato.
