GU aponta tentativas de desconto em aposentadorias de pessoas já falecidas
A fraude dos descontos ilegais em benefícios do INSS chegou a atingir até pessoas que já haviam morrido. Segundo relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) enviado à CPMI do INSS, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) tentou aplicar descontos indevidos em pelo menos 22 aposentadorias e pensões de segurados falecidos.
As irregularidades ocorreram entre 2021 e 2024, conforme o documento. Em um dos casos, o sistema registrou tentativa de desconto sobre o benefício de um aposentado morto havia quatro anos, o que evidenciaria manipulação de dados e ausência de controle sobre as autorizações.
Contag nega irregularidades
Em nota, a Contag negou ter cometido ilegalidades e afirmou não ter tido acesso ao relatório completo da CGU. A entidade declarou que os 22 casos mencionados ocorreram “de forma regular e em data anterior ao óbito” e que os registros foram processados com atraso devido a problemas técnicos no sistema PDMA, administrado pela Dataprev.
“Em alguns poucos casos, as autorizações, embora devidamente documentadas, foram processadas com atraso devido à implementação tardia do sistema PDMA. O relatório aponta 22 situações em um universo de 1,3 milhão de autorizações”, diz o comunicado da confederação.
Entidade ligada ao PT volta ao centro das investigações
A Contag já vinha sendo investigada pela CPMI do INSS e pela própria CGU, que anteriormente identificaram movimentações de R$ 3,4 bilhões em descontos não autorizados de aposentadorias e pensões.
Nesta sexta-feira (10), a CPMI aprovou a convocação da presidente da entidade, Vânia Marques Pinto, para prestar esclarecimentos. Vânia assumiu o comando da confederação em abril de 2025 e tem mandato até 2029.
A dirigente mantém forte ligação com o Partido dos Trabalhadores (PT). Em setembro, ela participou de eventos ao lado do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, e em outubro posou em foto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Proximidade com Lula e apoio político
A Contag tem histórico de apoio político a Lula e ao PT. Em 2022, a entidade endossou a candidatura do petista à Presidência e divulgou em seu site campanhas com o lema “Lula Livre”, durante o período em que o ex-presidente esteve preso em Curitiba.
Em maio de 2025, Lula reconheceu publicamente sua proximidade com a confederação, afirmando que se reúne anualmente com seus representantes:
“Todo ano, eu faço reunião com os sem-terra, todo ano eu faço reunião com a Contag. Todo mundo tem o direito de apresentar suas reivindicações. Quando dá, a gente atende; quando não dá, a gente não atende.”
A CPMI promete aprofundar as investigações sobre o envolvimento da Contag nos descontos indevidos aplicados a aposentados — vivos e mortos — e sobre possíveis vínculos políticos entre a entidade e membros do governo.