Passado um terço do mandato, o governo do presidente Lula da Silva enfrenta críticas por sua gestão na segurança pública. Apesar da oportunidade proporcionada pela mudança no Ministério da Justiça e Segurança Pública, a administração continua a demonstrar fragilidades. A transferência de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal e sua substituição por Ricardo Lewandowski deveriam ter trazido uma abordagem mais técnica e comedida para a pasta, mas as falhas persistem.
Um exemplo disso é a prorrogação da operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em portos e aeroportos do Rio de Janeiro e de São Paulo. Inicialmente vista como ineficaz, a GLO foi renovada por 30 dias, sem uma clara definição de continuidade. Apesar do objetivo declarado de combater organizações criminosas nos principais terminais, os resultados são questionáveis, com alto custo financeiro e apreensões duvidosas.
A dependência excessiva de operações pirotécnicas e a falta de estratégia eficaz, refletem a superficialidade na abordagem da segurança pública. Envolvendo as Forças Armadas, a GLO ilustra o equívoco institucional de usar militares para fins de segurança interna. Essa abordagem espetacular, contudo, muitas vezes serve a interesses político-eleitorais, criando uma ilusão de combate ao crime.
O secretário Nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, destacou a necessidade de priorizar o combate ao crime organizado, enfatizando estratégias como asfixia financeira das facções e fortalecimento das equipes de investigação. Essas abordagens representam uma mudança bem-vinda em relação à visão anterior do governo, que tendia a associar a segurança a uma postura truculenta. No entanto, o anúncio de novos projetos sugere um reinício, deixando em dúvida o destino de iniciativas anteriores.
A falta de consistência na abordagem da segurança pública reflete uma gestão que tem se ocupado mais em corrigir erros passados do que em definir uma estratégia clara para o futuro.
