Editorial do jornal aponta rombo crescente, risco de aportes bilionários e uso político das empresas públicas; Correios se tornam símbolo da crise
A crise nas estatais federais ganhou novo destaque após a Folha de S.Paulo publicar, na noite deste domingo (16), um editorial contundente classificando a situação dessas empresas sob o governo Lula (PT) como um verdadeiro “descalabro”. Segundo o jornal, a atual administração estaria combinando ideologia estatista com desprezo por regras de governança, resultado que já se traduz em prejuízos bilionários e risco de novos aportes do Tesouro — ou seja, dinheiro do contribuinte.
A análise da Folha se baseia no 7º Relatório de Riscos Fiscais do Tesouro Nacional, que projeta perdas contínuas em empresas sob controle direto da União. Os números são preocupantes: o estudo aponta déficit de R$ 6,2 bilhões em 2025 e R$ 6,7 bilhões em 2026 em um conjunto de 27 estatais que deveriam sobreviver com receitas próprias — excluindo Petrobras e bancos públicos.
Correios viram símbolo do colapso
O caso mais alarmante, na avaliação do jornal, é o dos Correios, que registraram prejuízo de R$ 2,6 bilhões no segundo trimestre de 2025, um salto de quase cinco vezes em relação ao ano anterior. Somente no primeiro semestre, as perdas acumuladas chegaram a R$ 4,4 bilhões.
Diante do rombo, a direção da estatal discute um possível empréstimo de R$ 20 bilhões com aval do Tesouro. Para a Folha, a medida apenas empurraria o problema para frente:
“Manter o modelo atual é condenar os pagadores de impostos a mais um ciclo de rombos.”
O jornal afirma ainda que, diante da deterioração acelerada, corre-se o risco de não haver mais interessados em uma eventual privatização — considerada pela Folha como a solução que já deveria ter sido adotada.
Outras estatais também afundam
O editorial destaca outras empresas em situação crônica, como:
- ENBPar (controladora da Eletronuclear): precisa de R$ 1,4 bilhão para cobrir despesas até dezembro; a conclusão de Angra 3 pode exigir outros R$ 20 bilhões.
- Infraero, Casa da Moeda e Companhias Docas de cinco estados: todas enfrentam queda de receitas, má gestão e prejuízos recorrentes.
Segundo a Folha, o cenário aponta para o esgotamento total do modelo estatal atual, marcado por intervenções políticas, baixa eficiência e falta de critérios técnicos.
O jornal também responsabiliza a liminar concedida em 2023 pelo então ministro do STF Ricardo Lewandowski, hoje ministro da Justiça de Lula, que afrouxou a Lei das Estatais e permitiu nomeações sem qualificação técnica.
Apesar de o Supremo ter restabelecido as regras em 2024, os indicados durante a vigência da liminar permanecem nos cargos, ocupando diretorias e conselhos de empresas estratégicas. Na visão da Folha, isso abriu caminho para aparelhamento político e fragilização da gestão.
Governo repete erros do passado, diz Folha
Para o editorial, o governo Lula repete um padrão histórico:
- Defende estatais como motores do desenvolvimento,
- mas entrega, na prática, rombos crescentes,
- e transfere a conta para o contribuinte.
A Folha cobra um plano de recuperação sério, com:
- gestão profissional,
- corte de privilégios,
- transparência,
- e privatização onde for possível.