Avanço do senador consolida liderança no campo conservador e expõe desgaste crescente do governo
A 11ª Pesquisa Gerp, realizada entre 6 e 10 de dezembro, trouxe um dado inédito – e profundamente simbólico – para o cenário político brasileiro: Flávio Bolsonaro (PL) aparece numericamente à frente do presidente Lula da Silva em um eventual segundo turno para a disputa de 2026. É a primeira virada registrada pelo instituto, marcando uma mudança de eixo na competição pelo Palácio do Planalto.
O movimento acontece poucos dias após Jair Bolsonaro oficializar o nome do filho como o escolhido para representar o campo conservador. E o impacto foi imediato. Segundo os dados, o índice de conhecimento de Flávio saltou de 73% para 80%, uma evolução considerada expressiva por analistas e vista como consequência direta da força política e popular do ex-presidente.
Flávio Bolsonaro ganha tração e identidade eleitoral
Outro indicador que mostra a força da entrada de Flávio na corrida é a lembrança espontânea. O senador, que até então sequer aparecia nesse quesito, saltou de 0% para 7%, ocupando agora a terceira posição — atrás apenas de Lula (26%) e Jair Bolsonaro (12%). Para especialistas, trata-se de um raro caso de construção acelerada de identidade eleitoral, reflexo direto da unificação do eleitorado conservador em torno de um nome competitivo.
No cenário estimulado de primeiro turno, Flávio também avança: pula de 17% para 25%, reduzindo a diferença para Lula, que aparece com 34%. E mais: o senador se descola dos demais nomes do próprio campo, como Ratinho Jr (8%), Ciro Gomes (7%), Ronaldo Caiado (6%), Romeu Zema (4%) e Pablo Marçal (4%), consolidando uma posição de liderança que tende a se ampliar.
A virada histórica
O dado mais marcante está no segundo turno. Flávio Bolsonaro surge com 42%, contra 41% de Lula. Embora o empate técnico permaneça, a ultrapassagem numérica tem peso simbólico e estratégico. É a primeira vez que um dos filhos de Jair Bolsonaro supera Lula em toda a série da Gerp. A leitura é clara: o campo conservador, antes disperso, começa a se reorganizar sob um único nome — e isso ameaça diretamente o projeto de poder do atual governo.
Desgaste crescente do governo Lula
Do lado do Planalto, o cenário é de preocupação. A avaliação negativa do governo subiu de 49% para 51%. Em praticamente todas as simulações, Lula apresenta oscilações negativas. Pesquisadores apontam que segmentos antes relativamente estáveis desde 2022 começaram a demonstrar maior volatilidade diante do surgimento de um adversário mais forte, competitivo e com grande capacidade de mobilização popular.
A pesquisa também sugere que o PT enfrenta dificuldade em manter o entusiasmo de sua base e em neutralizar o desgaste acumulado pelos próprios erros do governo, pelas crises internas e pela percepção de falta de entrega em áreas sensíveis. Para analistas, a entrada de Flávio Bolsonaro revela algo que o governo tentava negar: Lula perdeu o monopólio da disputa e agora enfrenta um rival real.
Um novo tabuleiro para 2026
O instituto avalia que os novos números inauguram uma fase de imprevisibilidade. A ascensão rápida de Flávio, aliada ao respaldo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o posiciona como o principal adversário de Lula em 2026 e, mais do que isso, como o líder natural de um eleitorado conservador robusto, fiel e mobilizado.
O levantamento foi realizado por telefone, com 2 mil entrevistados em todo o país, margem de erro de 2,24 pontos percentuais e nível de confiança de 95,5%, ponderado por sexo, idade, renda e região.
Flávio Bolsonaro entra, portanto, como protagonista. Lula, por sua vez, vê seu campo político acender o sinal amarelo — e talvez, pela primeira vez desde 2022, também o vermelho.
