União Progressista reúne 109 deputados e 17 senadores, avida que vai abandonar base do Planalto e enfraquecer articulação política de Lula na reta final do mandato
A recém-criada Federação União Progressista (UP), que reúne União Brasil e Progressistas, causou um terremoto político em Brasília ao anunciar a devolução dos quatro ministérios ocupados pelo grupo no governo Lula, segundo Cláudio Humberto do Diário do Poder.
Com 109 deputados federais e 17 senadores, a nova força parlamentar representa o maior bloco fora da base aliada e fragiliza, de forma contundente, a governabilidade do presidente petista.
A UP também oficializou o distanciamento político e ideológico do Planalto, deixando claro que pretende lançar uma candidatura de centro-direita à presidência em 2026 — um movimento que reforça a fragmentação da base lulista e o enfraquecimento do presidencialismo de coalizão.
“Governo acabou”, diz senador aliado
O clima entre aliados é de desânimo. “O governo acabou”, confidenciou um senador governista em caráter reservado, expressando o pessimismo com o novo cenário.
Sem o apoio de um dos principais grupos da base, Lula perde musculatura no Congresso e abre espaço para uma nova articulação de centro, que pode vir a ditar o ritmo das votações no Legislativo a partir de agora.
Recusa de Pedro Celso foi ‘humilhação’
O episódio que simbolizou a ruptura foi a recusa pública do deputado Pedro Celso (MA), do União Brasil, ao convite para assumir o Ministério das Comunicações. O gesto foi lido dentro e fora do governo como uma humilhação pessoal para o presidente Lula, que tentou, sem sucesso, manter o grupo no entorno do Planalto.
Um novo polo de poder
Com presença expressiva em 1.368 prefeituras e controle de quase R$ 1 bilhão em Fundo Eleitoral, a União Progressista desponta como uma alternativa viável de poder.
Na prática, a federação funciona como um novo partido de centro-direita. O grupo já articula alianças e ensaia um discurso moderado, de gestão e responsabilidade fiscal — uma agenda que busca conquistar o eleitorado de centro.
Impacto institucional
A devolução dos ministérios compromete áreas importantes da máquina federal.
A expectativa é de uma reformulação no primeiro escalão e reavaliação da estratégia de governabilidade do presidente, que terá de lidar com um Congresso ainda mais fragmentado e resistente a avançar pautas estruturantes.
Crise em curso
A saída da UP escancara uma realidade incômoda para o Planalto: o apoio político que levou Lula ao poder em 2022 está se esfarelando.
A governabilidade, que já exigia concessões a partidos com agendas divergentes, agora entra em xeque. A base aliada encolhe, e o campo de negociação se estreita em um momento em que o governo tenta entregar resultados e sustentar a credibilidade frente à sociedade.
A ruptura com a União Progressista não apenas desestabiliza o governo Lula — ela antecipa, em parte, o realinhamento político de 2026 e marca o início de uma nova correlação de forças no Congresso.