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terça-feira, 6 maio, 2025
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Explosão de verbas a ONGs ligadas a aliados expõe aparelhamento político no Ministério do Trabalho de Lula

Por Alexandre Gomes

Entidades com vínculos sindicais e apadrinhamento político concentram mais de R$ 79 milhões em contratos; CGU aponta falhas graves

A política de repasses do Ministério do Trabalho, comandado por Luiz Marinho (PT), entrou na mira da opinião pública após a revelação de que o volume de recursos destinados a ONGs quintuplicou em 2024. O crescimento bilionário, em plena crise fiscal, favoreceu entidades com ligações diretas a aliados políticos e sindicatos historicamente associados ao Partido dos Trabalhadores, levantando fortes suspeitas de uso político da máquina pública.

De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, apenas três ONGs concentraram mais de R$ 79 milhões em verbas públicas — muitas delas viabilizadas por emendas parlamentares direcionadas sem critérios técnicos transparentes. A entidade mais beneficiada, a Unisol Brasil, possui raízes no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, base histórica de Marinho e do próprio presidente Lula.

ONGs amigas e contratos sob suspeita

A Unisol, que nunca havia superado R$ 4,2 milhões em contratos anuais, firmou acordo de R$ 15,8 milhões para atuar em Roraima, mesmo sendo sediada em São Paulo. A tarefa: organizar catadores e retirar lixo da Terra Indígena Yanomami — operação curiosamente distante da expertise original da entidade.

A escolha, embora tecnicamente “aprovada”, segundo o Ministério, não esconde o incômodo de que interesses sindicais e políticos estejam pesando mais que critérios objetivos. A Unisol é presidida por Arildo Mota Lopes, ex-dirigente sindical que já esteve sob o comando de Marinho.

Outras duas ONGs favorecidas, o Instituto Brasileiro de Cidadania e Ação Social (IBCAS) e o Instituto de Políticas Públicas Brasil Digital, também acumulam contratos milionários e investigações. A primeira já foi declarada inidônea pela Controladoria-Geral da União (CGU) por falta de transparência, e a segunda teve contratos suspensos por suspeitas de fraude e combinação de propostas.

CGU aponta falhas graves e controle “incipiente”

A CGU foi categórica: os mecanismos de controle usados pelo Ministério do Trabalho para fiscalizar os convênios são “incipientes”. Em outras palavras, quase inexistentes. A prática de canalizar recursos públicos para entidades com histórico de má gestão e pouca prestação de contas fragiliza não apenas a transparência, mas a credibilidade do próprio governo.

A investigação da CGU identificou prejuízo estimado de R$ 1,6 milhão apenas nos contratos do Instituto Brasil Digital, que já soma R$ 36,1 milhões em dez convênios bancados pela bancada do Tocantins.

Reprodução do velho fisiologismo petista

Quatro das dez entidades mais beneficiadas mantêm vínculos com o movimento sindical — um dos pilares tradicionais do petismo. O episódio reforça críticas de que o governo Lula reedita o aparelhamento da máquina estatal, agora turbinado pelo uso de emendas parlamentares como moeda de troca para sustentar a base aliada no Congresso.

A desculpa do Ministério, de que os parlamentares escolhem as entidades e que não havia registros de inadimplência no momento da contratação, não convence. Em tempos de ajuste fiscal, o contribuinte assiste, perplexo, à multiplicação de contratos suspeitos, enquanto faltam recursos para áreas essenciais como segurança, infraestrutura e saúde.

Crise de legitimidade e desconfiança crescente

A farra com dinheiro público desvia o foco do que deveria ser a missão do Ministério do Trabalho: fomentar emprego, garantir direitos e qualificar mão de obra. Em vez disso, a pasta se tornou um canal para abastecer entidades amigas, consolidando uma estrutura de poder que favorece interesses político-partidários em detrimento do interesse público.

Em um governo que prometeu “reconstruir o Brasil”, os números e as escolhas revelam que a velha política não só voltou, como se sofisticou. E com aval do Planalto.

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