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sexta-feira, 11 julho, 2025
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Ex-embaixador Rubens Barbosa defende diálogo com os EUA após tarifaço de Trump: “Não existem mais regras previsíveis”

Por Alexandre Gomes

Diplomata critica postura do governo Lula e alerta que o Brasil pode sofrer ainda mais se não buscar solução negociada com Washington

A imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos acendeu o alerta entre diplomatas e especialistas em relações exteriores. Para o ex-embaixador Rubens Barbosa, um dos nomes mais respeitados da diplomacia brasileira, a única saída viável para o Brasil é o diálogo direto com o governo norte-americano.

Em entrevista à CNN, Barbosa avaliou que o atual cenário internacional é marcado por incertezas e rupturas. “Não há mais regras previsíveis no comércio internacional. A Organização Mundial do Comércio (OMC) deixou de ser um mediador eficaz. O mundo mudou com Trump, e o Brasil precisa se adaptar rapidamente.”

“Sem negociação, não há solução”

Segundo o ex-embaixador, a estratégia de enfrentamento adotada pelo governo Lula é ineficaz. “Como negociar se nem mesmo há um canal formal de comunicação com os EUA?”, questionou. “Foi noticiado que o Brasil devolveu a carta enviada pelos norte-americanos. Isso é muito preocupante.”

Para Barbosa, o isolamento diplomático só aumenta a vulnerabilidade do país. “Não podemos ignorar que temos um comércio de mais de 90 bilhões de dólares com os EUA, nosso segundo maior parceiro. Não conversar com eles é um erro estratégico.”

Rubens Barbosa também apontou motivações políticas por trás do tarifaço. “Há sim um componente político nessa decisão de Trump. Questões internas do Brasil, como o tratamento dado a opositores políticos, como Jair Bolsonaro, e a atuação de ministros como Alexandre de Moraes, acabam repercutindo internacionalmente”, afirmou.

Ele ainda mencionou pressões da indústria tecnológica e regulamentos brasileiros que têm incomodado empresas americanas. “Medidas como a regulação de plataformas digitais, por exemplo, podem provocar retaliações econômicas, especialmente num governo com a postura agressiva de Trump.”

Exemplo de outros países

O ex-embaixador lembrou que outros países tentaram bater de frente com os EUA e recuaram, optando pelo diálogo: “México, Canadá, Coreia do Sul e até a União Europeia enfrentaram dificuldades com Trump e tiveram que negociar. Só a China, por ser uma potência global, conseguiu resistir parcialmente”.

Segundo ele, o Brasil, como potência regional e média global, deve agir com inteligência diplomática. “Negociar não é se submeter, é defender o interesse nacional com pragmatismo”, ressaltou.

Entre as propostas para abrir canais de negociação, Barbosa sugeriu cortes de tarifas brasileiras sobre itens de interesse dos EUA, como o etanol, atualmente taxado em 18% para importações. Também defende a revisão de barreiras não tarifárias e a remoção de entraves ao comércio bilateral.

“Precisamos mostrar disposição para conversar, sem perder nossa soberania. Mas sem diálogo, seremos alvos fáceis”, alertou.

“É a lei do mais forte”

Ao concluir sua análise, Rubens Barbosa afirmou que o Brasil está diante de uma nova realidade geopolítica. “Não existem mais regras estáveis. O comércio internacional virou a lei da selva, a lei do mais forte. Ou nos adaptamos, ou vamos sofrer ainda mais.”

A fala do ex-embaixador, vista como um apelo à racionalidade diplomática, contrasta com a reação ideológica do atual governo, que até o momento tem evitado buscar reaproximação com a administração Trump, mesmo diante de um prejuízo bilionário iminente para a economia nacional.

Resumo da posição de Rubens Barbosa:

  • A única saída é dialogar com os EUA imediatamente;
  • As tarifas de Trump têm motivações políticas e comerciais;
  • O Brasil precisa se adaptar à nova ordem internacional, mais instável e menos regulada;
  • Propostas incluem corte de tarifas brasileiras e concessões pontuais;
  • Ignorar Washington neste momento é uma estratégia suicida.

A avaliação é clara: ou o Brasil age com maturidade diplomática, ou corre o risco de amargar prejuízos econômicos ainda mais profundos e duradouros.

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