O contador João Muniz Leite, que já trabalhou para as empresas de Fábio Luís Lula da Silva (Lulinha), filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi alvo de buscas e apreensões na Operação Spare, do Ministério Público de São Paulo (MPSP). A investigação apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), envolvendo postos de combustíveis.
Na quinta-feira (25), agentes cumpriram mandados na residência de Leite e em seu escritório em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo — no mesmo prédio onde funcionaram empresas de Lulinha.
Segundo o MPSP, Leite deixou de atender Lulinha em 2024, após se tornar alvo da Operação Fim da Linha, que apura a infiltração do PCC em empresas de transporte coletivo.
Investigação e papel de Leite no esquema
O MPSP afirma que Leite elaborou declarações de Imposto de Renda para Flávio Silvério Siqueira, conhecido como Flavinho, apontado como chefe de uma rede de “laranjas” que lavava dinheiro por meio de postos de combustíveis, imóveis, casas de jogos e motéis.
A investigação indica que o contador teve papel central na ocultação do patrimônio de investigados, ajudando a estruturar estratégias de lavagem de dinheiro para a facção criminosa.
A Receita Federal encontrou ligação direta entre Leite e Flavinho, incluindo a elaboração de declarações para outros envolvidos, como Adriana Siqueira de Oliveira e Eduardo Silvério. O grupo usava empresas de fachada e terceiros para movimentar os recursos ilícitos.
Defesa nega envolvimento recente
Por meio de seus advogados, Jorge e Marcelo Delmanto, Leite declarou que a investigação não tem relação com ele e que houve erro de interpretação de datas. A defesa afirma que o escritório de contabilidade do qual o contador é sócio atendeu um dos investigados e suas empresas apenas até 2020, e não teve vínculo posterior — o que, segundo eles, foi comprovado pela própria busca e apreensão.
Histórico de ligações com casos do PCC e com a família Lula
Além de ter elaborado as declarações de Imposto de Renda de Lula entre 2013 e 2016, Leite já foi citado em apurações ligadas ao PCC. Ele foi suspeito de movimentar recursos para Anselmo Becheli Santa Fausta, o “Cara Preta”, morto em 2021.
Durante cinco anos em que prestou serviços ao traficante, Leite e sua esposa foram premiados em loterias pelo menos 55 vezes, levantando suspeitas de lavagem de dinheiro.