Na sexta-feira, 2 de agosto, um grupo de 29 ex-chefes de Estado solicitou aos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Gustavo Petro, que reconheçam a vitória de Edmundo González Urrutia nas eleições da Venezuela.
Em uma carta, os ex-dirigentes da Iniciativa Democrática de Espanha e das Américas (IDEA) destacaram as limitações impostas pelas autoridades eleitorais venezuelanas durante o processo “minado” que resultou na declaração da reeleição de Nicolás Maduro por mais cinco anos.
“A única coisa que pode ser feita é reconhecer o status de Edmundo González Urrutia como presidente eleito da Venezuela, após verificação pelos órgãos técnicos eleitorais internacionais”, afirmam os ex-dirigentes.
Eles também criticaram severamente o comportamento repressivo do regime venezuelano, que resultou em mortes, feridos, presos e desaparecidos entre o povo que simplesmente exige o respeito pela sua vontade soberana.
Os ex-presidentes lamentaram ainda que Maduro tenha ordenado a prisão de Edmundo González e da líder oposicionista María Corina Machado.
Afirmaram também que a situação na Venezuela vai além de um dilema sobre uma possível fraude eleitoral ou de um escrutínio pendente. Trata-se de “um ato ou comportamento que, de forma flagrante e descarada, destrói e desrespeita a ordem constitucional e legal através de uma grave alteração da democracia”.
Entre os signatários da carta estão a ex-presidente do Panamá, Mireya Moscoso, e o boliviano Jorge Tuto Quiroga, que foram impedidos pelo regime de Maduro de embarcar para Caracas, onde pretendiam atuar como observadores eleitorais.
Outros signatários incluem Mario Abdo, Federico Franco e Juan Carlos Wasmosy (Paraguai); José María Aznar e Mariano Rajoy (Espanha); Nicolás Ardito Barletta e Ernesto Pérez Balladares (Panamá); Felipe Calderón e Vicente Fox (México); e Iván Duque, Andrés Pastrana e Álvaro Uribe (Colômbia).
Brasil, México e Colômbia Blindam Maduro
Brasil, Colômbia e México se abstiveram de votar na resolução da Organização dos Estados Americanos (OEA) que exigia que o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela apresentasse as atas da votação de 28 de julho.
Os três países também emitiram uma nota conjunta equiparando a ditadura de Nicolás Maduro aos manifestantes pró-democracia, mencionando controvérsias sobre o processo eleitoral a serem resolvidas pela via institucional, apesar da falta de institucionalidade idônea no regime ditatorial de Maduro.
O Brasil de Lula, a Colômbia de Gustavo Petro e o México de López Obrador têm impedido os esforços de outros países para pressionar a ditadura de Maduro, que já resultou na morte de dezenas de pessoas que protestavam contra o resultado oficial que manteve Maduro no poder.
De acordo com o jornal O Globo, os chanceleres do Brasil, Mauro Vieira, da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, e do México, Alicia Bárcena, estão considerando uma visita a Caracas nos próximos dias para tentar negociar um acordo, sem a participação da líder da oposição, María Corina Machado.