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quinta-feira, 14 novembro, 2024
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Estadão: Itaipu e Petrobras deram R$ 35 milhões para ‘Janjapalooza’ e G-20 Social; demais estatais escondem valores

Por Alexandre Gomes

O festival Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, que ocorre de 14 a 16 de novembro no Rio de Janeiro, recebeu um patrocínio de R$ 15 milhões da Itaipu Binacional, uma das maiores empresas estatais do Brasil. O evento, que também inclui a Cúpula do G-20 Social, além de outros encontros paralelos, está sendo amplamente divulgado nas redes sociais, especialmente após o envolvimento da primeira-dama Rosângela da Silva, popularmente conhecida como Janja, na organização. O festival passou a ser chamado de “Janjapalooza” devido à sua relação com a primeira-dama, que teve um longo histórico de trabalho na Itaipu antes de se tornar figura pública.

Em uma declaração, a Itaipu Binacional destacou a “importância estratégica” de seu patrocínio. A empresa afirmou que a participação em eventos de grande escala, como a cúpula e o festival, contribui para sua atuação em discussões globais sobre temas como combate à fome, pobreza e a crise climática, que são prioritários na agenda internacional do Brasil, especialmente sob a presidência do G-20.

Além disso, o evento será uma plataforma de debates sobre temas globais e contará com a presença de artistas renomados, como Alceu Valença, Zeca Pagodinho e Ney Matogrosso, que se apresentarão com cachês simbólicos de R$ 30 mil. A organização promete uma série de atrações culturais e políticas, com entrada gratuita para o público. A Secretaria-Geral da Presidência da República também está envolvida no evento, coordenando a relação com os movimentos sociais e tendo desempenhado papel central na organização do G-20 Social.

Sigilo de estatais

Embora a Itaipu tenha confirmado o aporte de R$ 15 milhões para o evento, outras grandes estatais que possivelmente contribuíram com patrocínios ou parcerias não divulgaram seus investimentos. A reportagem do Estadão entrou em contato com empresas como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobras, mas não obteve respostas sobre os valores. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) respondeu, mas afirmou que questões de imprensa deveriam ser encaminhadas ao Ministério da Cultura. Este, por sua vez, declarou que os valores totais investidos no evento seriam divulgados “posteriormente”, o que levanta questões sobre a transparência de tais financiamentos públicos.

O fato de o BNDES se recusar a informar valores é especialmente notável, já que a instituição costuma divulgar publicamente os investimentos em seu site. Esse sigilo é visto por muitos como parte de uma estratégia mais ampla de omissão de informações financeiras sobre o uso de recursos públicos em eventos patrocinados por estatais, algo que tem sido mais comum no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O Serpro, uma empresa estatal vinculada ao Ministério da Economia, também participou da organização do evento, mas sem realizar patrocínios financeiros. Em nota, o Serpro explicou que atuou de maneira consultiva, prestando apoio técnico na infraestrutura de conectividade do evento. A empresa destacou que tem um papel de apoio ao Itamaraty e ao governo federal, especialmente em eventos como o G-20, mas que sua contribuição ao Aliança Global não envolveu aporte financeiro direto.

Outros parceiros do festival incluem a Prefeitura do Rio de Janeiro, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Estes parceiros, como o próprio Ministério da Cultura, reforçam o caráter multiliteral e a abrangência internacional do evento.

“Janjapalooza” nas redes sociais

O evento tem gerado discussões acaloradas nas redes sociais, com muitos usuários referindo-se a ele como “Janjapalooza” devido à participação ativa de Rosângela da Silva na organização. A primeira-dama, antes de sua entrada para a vida pública, trabalhou por 15 anos na Itaipu Binacional, onde ocupou o cargo de assistente do diretor-geral, Jorge Samek. Sua presença em eventos de grande visibilidade tem gerado tanto apoio quanto críticas, com a oposição política questionando a utilização de recursos públicos para promover festivais de grande escala durante um período de desafios econômicos e sociais no Brasil.

A utilização de estatais para financiar eventos culturais e sociais gerou uma série de questionamentos sobre a transparência e a necessidade de tais investimentos. Especialistas em gestão pública alertam para o risco de falta de controle e fiscalização sobre a destinação dos recursos. O sigilo em torno de valores patrocinados por empresas públicas, como foi o caso das grandes estatais, suscita debates sobre a clareza nas informações financeiras e a justificação para o uso de verba pública em iniciativas desse tipo, especialmente em um cenário de crise fiscal e social.

A Itaipu, em sua defesa, afirmou que seu patrocínio ao festival e à cúpula do G-20 Social faz parte de sua estratégia de reafirmar seu compromisso com a sustentabilidade e com a agenda global de práticas ESG (ambientais, sociais e de governança). A empresa afirma que sua participação nos debates ao lado de líderes mundiais e ministros reforça sua posição no cenário internacional, alinhando-se com os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU.

Enquanto o evento segue como um ponto de destaque na agenda cultural e política do Brasil, permanece a questão sobre a transparência dos valores envolvidos e o uso de recursos públicos em iniciativ

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