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Estadão critica Lula: “O demiurgo é incansável”

Por Alexandre Gomes

Jornal alerta sobre interferência na independência do Banco Central e refuta declarações do presidente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a atacar a política de juros no Brasil, alegando que a “única coisa errada” no país é a taxa de juros elevada. As declarações, feitas no último domingo (15) durante entrevista ao Fantástico (Rede Globo), foram duramente contestadas pelo jornal O Estado de S. Paulo em editorial publicado nesta terça-feira (17). O periódico acusou Lula de tentar interferir na política do Banco Central (BC) e chamou atenção para os riscos econômicos dessa postura.

Críticas ao Banco Central e sinal de interferência

Durante a entrevista, Lula criticou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros, a Selic, para 12,25%, alegando que seu governo irá “cuidar disso”. O Estadão interpretou a fala como um recado preocupante, especialmente porque Gabriel Galípolo, indicado por Lula para presidir o Banco Central a partir de 2025, votou a favor da decisão.

O jornal avaliou que a postura de Lula coloca em dúvida a independência do Banco Central, algo que o mercado financeiro e especialistas consideram fundamental para manter a confiança e a estabilidade econômica.

“Pode ser que tudo mude a partir de sua posse e que Galípolo, para agradar ao padrinho, se disponha a ‘cuidar disso’, isto é, baixar os juros na marra”, alertou o Estadão.

Por que os juros subiram?

Contrariando a narrativa do presidente, o jornal destacou que a decisão do Copom tem explicação clara. Segundo o Banco Central, a alta dos juros se deve à percepção negativa dos agentes econômicos em relação ao frágil pacote fiscal apresentado pelo governo Lula.

O BC apontou fatores como:

  • Risco fiscal com falta de medidas robustas;
  • Aumento nas expectativas de inflação;
  • Desvalorização cambial diante do cenário de incerteza.

Para o Estadão, a crítica de Lula ignora que a política fiscal frouxa do próprio governo tem levado a um aumento da percepção de risco, forçando o BC a agir para conter a inflação.

Inflação fora de controle

O editorial também refutou a afirmação de Lula de que a inflação estaria “totalmente controlada” e estaria nos “quatro e pouco”. O jornal corrigiu o presidente, lembrando que a inflação acumulada em 12 meses até novembro foi de 4,87%, segundo o IBGE, quase 1,87 ponto acima do centro da meta estabelecida pelo próprio governo.

Além disso, a inflação tem se espalhado por diversos setores da economia e já ultrapassou o teto permitido para 2024, caminhando para estourar também a meta de 2025.

Lula x Realidade econômica

A fala de Lula revela uma postura perigosa que desconsidera os fundamentos econômicos e coloca em risco a confiança do mercado. A tentativa de descredibilizar o Banco Central e pressionar por cortes forçados na taxa de juros pode ter consequências graves, como:

  • Aumento da inflação;
  • Desvalorização do real;
  • Fuga de investimentos estrangeiros.

Enquanto Lula mantém o discurso político contra os juros, o mercado e os próprios especialistas de sua equipe técnica, como Galípolo, sabem que a estabilidade econômica exige responsabilidade fiscal e respeito à autonomia do Banco Central.

O editorial do Estadão faz um alerta claro: Lula pode até estar “em forma”, como diz o jornal, mas suas falas populistas sobre os juros representam um risco real para a economia brasileira. Ao invés de atacar a política monetária, o presidente deveria olhar para dentro de seu próprio governo e buscar soluções reais para o desequilíbrio fiscal que alimenta a inflação.

O Brasil não precisa de interferências ou discursos inflamados, mas sim de coerência econômica e respeito às instituições responsáveis por garantir a estabilidade financeira do país.

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