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sábado, 28 setembro, 2024
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Escândalo no setor do arroz: Governo avalia suspensão do leilão e afastamento de envolvidos por fraude

Por Marina B.

Os ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro; do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira; e o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, estão em discussões intensas para resolver a crise desencadeada pelo leilão de arroz.

Durante esta tarde, eles realizaram reuniões tanto internas quanto não divulgadas nas agendas oficiais. A razão para esse sigilo é clara: as suspeitas de irregularidades no leilão chegaram aos ouvidos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, resultando no afastamento dos responsáveis, como relatado previamente por Roseann Kennedy na coluna do Estadão.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, foi contatado pelo Agro Estadão, mas não emitiu resposta. Embora estivesse programado para participar da 4ª Edição do Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento (ABRAS) em Brasília nesta segunda-feira, 10, ele não compareceu.

Por outro lado, o presidente da Conab, Edegar Pretto, seguiu sua agenda conforme o planejado, mantendo compromissos normais, incluindo reuniões internas e um encontro com o ministro Paulo Teixeira, conforme indicado na agenda oficial. Nos bastidores políticos de Brasília, já se discute a possibilidade de suspensão do leilão.

Entenda por que o leilão de arroz está sob suspeita e qual o envolvimento de Neri Geller

A decisão de realizar o leilão de importação de arroz foi tomada após uma análise técnica conduzida pelo diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Silvio Porto (consulte a nota abaixo). Este documento recebeu aprovação do secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller.

De acordo com fontes consultadas pelo Agro Estadão e envolvidas no processo, este é o procedimento padrão para qualquer leilão. Com o aval, o diretor de Operações e Abastecimento (DIRAB) da companhia, Thiago dos Santos, conduziu a operação. O nome de Neri Geller atrai a atenção devido ao fato de que o presidente da Bolsa e corretor responsável por adquirir nove dos 15 lotes negociados no leilão de arroz da Conab é seu ex-assessor parlamentar. Robson Luiz Almeida França ingressou no ramo de Bolsas de Mercadorias em maio de 2023, quando fundou a BMT – Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso e se registrou na Conab. No mesmo período, estabeleceu a Foco Corretora.

Ambas as empresas se destacaram no leilão, adquirindo mais de 90 mil toneladas de arroz (93.684). O volume refere-se aos lances de três empresas: Zafira Trading, Icefruit e ASR, e o governo deverá desembolsar cerca de R$ 468 milhões por eles. Entre 0,5% e 1% desse valor são destinados às bolsas e corretoras responsáveis pela operação.

Ex-assessor nega favorecimento em leilão de arroz

O empresário afirma que já participou de outros leilões da Conab, mas esta é a primeira vez que seus lances são bem-sucedidos. Quando questionado pelo Agro Estadão por telefone se sua relação com Neri Geller facilitou o êxito no leilão, ele negou veementemente.

“De maneira alguma. Trabalhei com Neri em 2018 ou 2019, se não me falha a memória. Desde então, segui minha própria trajetória”, explicou. “A Bolsa é credenciada por meio de um edital junto à Conab, e eu, como corretor, realizo a intermediação”, acrescentou.

Segundo França, ele e Geller não mantêm contato próximo atualmente. “Como advogado, prestei algumas consultorias para ele, mas nada relacionado às situações do ministério ou da Conab”, afirmou. Geller já havia informado ao Agro Estadão que não tinha conhecimento da participação do ex-assessor no leilão.

Robson já foi sócio do filho de Geller

Apesar de sua alegada distância do secretário de Política Agrícola do Mapa, como ele afirma, Robson França estabeleceu uma empresa em parceria com o filho de Geller, Marcelo. Em 2023, fundaram a G F Business Ltda para intermediar e agenciar negócios e serviços diversos.

O secretário Neri Geller disse ao Agro Estadão que o filho “teve envolvimento com Bolsa”, mas negou que ele fosse sócio do ex-assessor. Entretanto, a sociedade foi confirmada por França. “Nós nunca operamos, não emitimos qualquer nota fiscal”, explicou ao Agro Estadão por telefone.

Na Receita Federal, a empresa, que leva as iniciais dos sobrenomes de Marcelo (Geller) e Robson (França), tem outro sócio-administrador. O Agro Estadão tentou entrar em contato com Marcelo, mas não obteve resposta.

Diretor da Conab também foi assessor do secretário de Política Agrícola do Mapa

Outro indivíduo vinculado a Geller é o diretor de Operações e Abastecimento da Conab, Thiago dos Santos. Este executivo já foi assessor parlamentar de Geller e colega de França. Foi indicado pelo próprio Geller para assumir a DIRAB (Conab). Nas redes sociais, os dois já apareceram juntos em uma foto publicada em abril de 2023. “Um encontro de milhões”, dizia a legenda. O diretor da Conab nega que essas relações influenciem o resultado do leilão e atribui o baixo número de empresas participantes ao “baixo preço do arroz e questões judiciais”, ou seja, as tentativas de suspender o processo.

França também negou qualquer favorecimento. “Como presidente de Bolsa e corretor, trabalho para os meus clientes. Não há conexão alguma com Neri ou Thiago”, enfatizou. Quanto às empresas vencedoras do leilão, atuando fora do setor, França afirmou que todas estavam aptas para participar. “O edital é claro… existem atividades secundárias que não impedem a participação das empresas”, esclareceu.

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