Recentes decisões do governo Lula têm gerado controvérsia no Congresso, com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sendo apontado como figura central nesse cenário. Embora algumas dessas medidas tenham atendido às demandas do centrão na Câmara, elas também provocaram descontentamento no Senado.
Atribui-se a Lira o recuo do governo em relação ao veto ao calendário de pagamento das emendas parlamentares, bem como a articulação para impedir a nomeação do senador Renan Calheiros (MDB-AL), aliado de Lula, como relator da CPI da Braskem, apesar de ser um rival declarado de Lira.
Essas ações geraram críticas, inclusive do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que exigiu publicamente uma retratação por parte de Lula. O próprio líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), reconheceu que Lula ultrapassou os limites.
Apesar disso, Lula não apenas se recusou a se retratar, como também reiterou sua opinião de que Israel está promovendo um genocídio em Gaza, argumentando que suas declarações anteriores foram distorcidas pelo primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu.
Além disso, Lula enfrenta desgaste no Senado devido ao projeto de reoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia. Desde o final do ano passado, parlamentares têm defendido que Pacheco devolva a medida provisória da reoneração, alegando que o Congresso já havia deliberado sobre o assunto ao derrubar o veto do presidente Lula e manter o benefício.
Para muitos parlamentares, esse é um tema já resolvido no Senado, e a falta de ação de Lula apenas aumenta a insatisfação ao adiar uma definição sobre o assunto.
Diante desse cenário, na última quarta-feira (21), o governo decidiu enviar um projeto de lei com urgência constitucional após uma reunião entre Pacheco, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.