A avaliação dentro do Palácio do Planalto é pessimista quanto aos efeitos do escândalo envolvendo desvios bilionários no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Auxiliares próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitem, nos bastidores, que o governo perdeu a guerra da comunicação e que o caso continuará gerando desgaste político ao longo dos próximos meses.
Segundo fontes do governo, a investigação da Polícia Federal, que revelou um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões por parte de sindicatos e associações conveniadas ao INSS, começou durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. No entanto, a oposição conseguiu associar o escândalo diretamente ao governo Lula, especialmente após a revelação de que o Sindnapi, um dos sindicatos investigados, tem como vice-presidente Frei Chico, irmão do presidente.
“Era uma pauta positiva de combate à corrupção, mas virou munição para a oposição”, disse um conselheiro do governo ao relatar frustração com a condução da crise.
Crise de imagem
O caso provocou uma crise de imagem que, segundo aliados, se agravou com a percepção de falta de resposta efetiva. Mesmo com as operações da PF em andamento, a ausência de punições a dirigentes sindicais ligados ao atual governo e o fato de o Sindnapi não ter tido recursos bloqueados alimentaram críticas de leniência institucional.
O desgaste recai também sobre a Controladoria-Geral da União (CGU), comandada por Vinícius de Carvalho, que estaria “fritando em fogo alto”, segundo um assessor do Planalto. “É o último que sobrou para culpar no escândalo do INSS”, completou a fonte.
Sangria prolongada
A expectativa é que o escândalo continue produzindo danos à imagem do governo, especialmente se novos desdobramentos atingirem outros aliados ou estruturas da máquina pública. Para conter os efeitos, ministros próximos ao presidente tentam mapear internamente falhas de fiscalização e reforçar ações corretivas junto ao Ministério da Previdência e à CGU.
O governo também estuda ampliar o controle sobre entidades conveniadas ao INSS e reformular os critérios para que sindicatos e associações possam operar com descontos automáticos em benefícios de aposentados e pensionistas.
Contexto político
O caso ocorre num momento de baixa popularidade do presidente Lula em algumas regiões do país, como mostrou recente levantamento do Paraná Pesquisas sobre intenções de voto em São Paulo. O escândalo pode dificultar ainda mais a comunicação do governo com segmentos importantes do eleitorado, como aposentados e trabalhadores da base sindical — dois públicos historicamente próximos ao PT.
Deseja que eu acrescente um panorama das reações da oposição e possíveis consequências eleitorais do caso?