Os diálogos que incriminam diretores e acionistas da empresa de ônibus “Transunião” em crimes ligados ao PCC foram revelados pelo Deic, Departamento Estadual de Investigações Criminais, em inquérito sigiloso obtido pelo jornal O Estadão.
A “Transunião”, uma das principais empresas de transporte público de São Paulo, com 467 ônibus em sua frota e atuação em dois lotes da cidade, é alvo de investigações sobre extorsões, lavagem de dinheiro e associação criminosa. O caso teve início com o assassinato de Adauto Soares Jorge, em março de 2020, no Lajeado, zona leste de SP, onde ele foi encontrado morto em um estacionamento.
Adauto, ex-funcionário da Transunião, estava acompanhado por Devanil Souza Nascimento, conhecido como “Sapo” e ligado ao vereador Senival Moura, fundador da empresa. Tanto Nascimento quanto Moura são suspeitos de envolvimento em um esquema de desvio de verbas públicas destinadas a creches mantidas pela prefeitura.
O delegado responsável pelo caso revelou que a morte de Adauto está relacionada a desvios de dinheiro na Transunião, que teria sido utilizada como fachada para lavagem de dinheiro do PCC. Senival Moura, um ex-líder dos perueiros na capital, teria recebido apoio financeiro da facção criminosa em troca de vantagens na empresa.
A polícia também identificou um intermediário do PCC na Transunião, Leonel Moreira Martins, um criminoso procurado pela justiça, responsável por negociar repasses de dinheiro e privilégios aos membros da facção dentro da empresa.
Além disso, o PCC teria influenciado na nomeação de diretores da Transunião, incluindo Jair Ramos de Freitas, conhecido como “Cachorrão”, apontado como responsável pelo assassinato de Adauto Soares Jorge.
Apesar das evidências, Senival Moura nega as acusações e afirma ter se desligado da empresa antes dos acontecimentos. O inquérito ainda está em andamento, aguardando análises periciais para conclusão do caso.