A empresa Play9, do influenciador digital Felipe Neto, recebeu R$ 14 milhões em isenção fiscal através do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), que visa apoiar a recuperação econômica de empresas prejudicadas pela pandemia, aponta a Revista Oeste.
O benefício foi concedido com base na Lei nº 14.148/2021, que oferece alíquota zero no cálculo de impostos como IRPJ, CSLL, PIS e COFINS para setores diretamente afetados pela crise sanitária. Contudo, o valor que beneficiou a empresa, equivalente a um ano de Bolsa Família, gerou controvérsia, uma vez que a Play9 opera principalmente no setor digital, sem depender do público presencial como as empresas do setor de eventos tradicionais, como shows e festivais.
A Play9 foi fundada em 2019 e se dedica ao desenvolvimento de conteúdo e à expansão de marcas por meio das plataformas digitais, atividades que, em tese, não seriam as principais beneficiadas pelo Perse, que se destinava a empresas afetadas pela suspensão de eventos presenciais durante a pandemia. O fato de uma empresa digital, que não realiza eventos físicos, ter sido contemplada com o benefício levanta questionamentos sobre a interpretação e aplicação da lei, especialmente quando comparado ao montante recebido, que poderia ter sido direcionado a setores realmente impactados pela crise de forma mais direta.
O episódio ganhou mais repercussão devido ao contexto político em que Felipe Neto se encontra. A empresa do influenciador é vista como alinhada ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que vem sendo criticado por seu apoio a iniciativas como o evento “Janjapalooza”, promovido pela primeira-dama Janja da Silva. O festival, que contou com o apoio de estatais como Itaipu, Petrobras e Caixa Econômica Federal, gerou polêmica pelo uso de recursos públicos para financiar apresentações artísticas associadas ao governo. A coincidência de que Felipe Neto tenha sido beneficiado por isenções fiscais enquanto também se envolve em eventos políticos e debates digitais ligados ao governo Lula traz à tona discussões sobre a transparência e a responsabilidade na distribuição de benefícios fiscais e no uso de recursos públicos.