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sexta-feira, 29 novembro, 2024
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Emmanuel Macron no Brasil: A batalha pelo futuro da Amazônia e do comércio

Por Alexandre G.

O líder da nação francesa, Emmanuel Macron, chega ao Brasil nesta terça-feira (26), para uma visita exploratória ao país. O propósito de sua viagem é abordar questões relacionadas à preservação ambiental, como a promoção da “economia verde” e a proteção da biodiversidade, além de discutir temas de interesse bilateral com Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entretanto, não está previsto que ambos debatam o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, ao qual Macron se opõe firmemente.

Os presidentes francês e brasileiro têm divergido sobre o tratado, que está em negociação há mais de duas décadas. Enquanto Lula busca avançar nas conversações, Macron já expressou sua visão de que o acordo seria inviável. Durante seu discurso na COP 28, em Dubai, no ano passado, Macron criticou publicamente o acordo, que, se concretizado, se tornará o maior entre blocos em todo o mundo.

“Sou contra o acordo Mercosul-UE, pois acredito que contradiz completamente o que ele [Lula] está fazendo no Brasil e o que nós estamos fazendo […] Não leva em consideração a biodiversidade e o clima. É um acordo comercial antiquado que elimina tarifas”, declarou o presidente francês. O assunto tem sido objeto de intensas discussões entre Lula e Macron, mas o líder francês permanece inflexível em sua oposição.

Especialistas sugerem que a resistência de Macron ao acordo com o Mercosul é motivada pelo protecionismo. A França é reconhecida como a principal produtora agrícola da União Europeia e teme perder espaço para os produtos sul-americanos. Além disso, Macron enfrenta impopularidade em seu país e evita desagradar seus eleitores. Este ano, uma série de protestos de agricultores contrários ao acordo eclodiu na Europa, resultando no impasse das negociações.

Além dessa questão, Lula e Macron também têm opiniões divergentes sobre assuntos relevantes no cenário geopolítico atual. Desde o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, a França tem apoiado Kyiv e imposto sanções à Moscou, numa tentativa de pressionar o presidente russo, Vladimir Putin, a encerrar o confronto.

Por outro lado, o Brasil se posicionou contra essas medidas. Lula argumenta que o Brasil historicamente é contra embargos, pois, em sua visão, eles prejudicam apenas a população e não atingem os responsáveis pelo conflito. Recentemente, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, criticou as tentativas de solução do conflito na Europa, considerando-as monológicas e defendendo a inclusão da Rússia nos esforços de paz.

Com a ausência de discussões sobre o acordo do Mercosul, a ênfase na agenda dos presidentes do Brasil e da França deve recair principalmente em questões econômicas e no relacionamento bilateral. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, há aproximadamente 30 memorandos em análise, dos quais cerca da metade deverá ser firmada no encontro entre Macron e Lula em Brasília. Além dos acordos sobre biodiversidade e economia sustentável, está prevista a consolidação de parcerias na área estratégica e de defesa.

No Rio de Janeiro, Macron visitará a base naval de Itaguaí, onde submarinos de concepção francesa estão sendo construídos. Espera-se ampliar a parceria estabelecida entre os dois países para a construção de submarinos, inicialmente estabelecida em 2008.

Questões relacionadas ao combate à desinformação também serão discutidas. Segundo o governo federal, Brasil e França buscarão cooperar e proteger mutuamente as informações, visando combater as notícias falsas.

Macron está acompanhado por um grupo de aproximadamente 40 empresários com o objetivo de fortalecer os laços comerciais entre os dois países e aumentar os investimentos franceses no Brasil. As propostas dos europeus também se concentrarão em questões de sustentabilidade e na promoção da “economia verde”.

Além disso, o presidente francês passará por São Paulo, onde se reunirá com empresários e participará de um fórum econômico na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Macron buscará entender a complexidade da Amazônia brasileira
Durante sua estada no Brasil, Macron visitará a foz do rio Amazonas, em Belém (PA), e discutirá os desafios ambientais enfrentados pela região, bem como os planos do Brasil para a COP30, que será sediada em 2025 pela capital paraense.

Por sua vez, Lula pretende demonstrar a Macron que a região amazônica “vai além de uma grande floresta”. Nos últimos meses, o presidente francês tem criticado o Brasil por sua suposta falha em proteger a Amazônia do desmatamento. Porém, o petista defende um crescimento sustentável, garantindo uma fonte de renda para a população local.

“A intenção de Lula é mostrar a Macron a complexidade da realidade amazônica, evidenciando que a região não se resume a uma vasta floresta, mas também abriga uma população significativa que depende da Amazônia para sua subsistência. [Queremos discutir] como trabalhar com essas comunidades para garantir-lhes uma renda digna, ao mesmo tempo em que se respeita e preserva a biodiversidade e a floresta em geral”, declarou Maria Luisa Escorel de Moraes, embaixadora e secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty.

Antes de chegar ao Brasil, Macron fará uma visita à Guiana Francesa, território ultramarino francês que abriga cerca de 1% da floresta amazônica, devido à sua localização na América do Sul. O Brasil e a Guiana Francesa compartilham aproximadamente 700 km de fronteira.

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