A tentativa do presidente Lula (PT) de capitalizar politicamente o confronto com os Estados Unidos, liderados por Donald Trump, não surtiu efeito entre os brasileiros. Segundo levantamento do Datafolha divulgado neste sábado (2), a reprovação ao governo Lula permanece em 50%, sem qualquer melhora perceptível após a escalada do discurso contra as sanções comerciais impostas pelos norte-americanos.
A ofensiva retórica do petista contra o tarifaço de 50% anunciado por Trump no início de julho — que visa pressionar o Brasil diante das denúncias de perseguição política ao ex-presidente Jair Bolsonaro — parece ter sido mal calculada. A estratégia de confronto direto, com forte apelo ideológico, visava impulsionar Lula rumo a uma possível reeleição em 2026. No entanto, os números mostram estagnação, senão retrocesso.
A aprovação do governo caiu de 31% para 29% entre os que consideram a gestão ótima ou boa, e a avaliação regular também recuou, de 32% para 29%. Já os que classificam o governo como ruim ou péssimo somam 40%, dois pontos acima do registrado em abril, reforçando a percepção de desgaste constante da imagem do presidente.
Em abril, Lula ainda contava com 49% de avaliação negativa. Agora, soma 50%, consolidando um cenário preocupante para a esquerda no poder. O discurso nacionalista e agressivo diante das sanções americanas, apresentado como defesa da “soberania”, não convenceu o eleitorado — tampouco reverteu a crescente percepção de um governo que falha em entregar resultados concretos.
A pesquisa foi realizada entre os dias 29 e 30 de julho, com 2.004 eleitores de 130 municípios, e tem margem de erro de dois pontos percentuais. O levantamento foi divulgado em meio à tensão diplomática entre Brasil e EUA, após Trump aplicar sanções comerciais ao país como resposta direta ao que classifica como perseguição judicial contra opositores políticos — especialmente Bolsonaro — conduzida por ministros do STF.
Os dados reforçam que o eleitorado não se impressiona com manobras de marketing político, especialmente quando a economia segue fragilizada, os preços elevados e a insegurança jurídica atinge até as instituições democráticas. A tentativa de Lula em construir uma narrativa externa para ganhos internos parece, mais uma vez, não ter saído do chão.