As articulações políticas em torno da sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara dos Deputados geraram um impasse nas negociações para formar uma federação entre os partidos União Brasil, PP e Republicanos. Essa federação, que tinha como objetivo consolidar uma frente sólida de centro-direita para as eleições de 2026, ficou estagnada após divergências internas e externas, em especial com a preferência de Lira por Hugo Motta (Republicanos) para o comando da Casa. Isso levou Elmar Nascimento (União Brasil), líder do partido, a se opor à aliança.
Após o sucesso nas eleições municipais, onde os três partidos conseguiram conquistar aproximadamente 1.700 prefeituras, superando o PSD de Gilberto Kassab, e também mantiveram presença significativa em outras esferas (como 8 governadores, 150 deputados federais e 18 senadores), o plano era formalizar a aliança para as eleições de 2026. No entanto, o impasse sobre a candidatura de Hugo Motta ao comando da Câmara gerou um desgaste entre os aliados, especialmente em relação ao União Brasil. Elmar Nascimento, líder da bancada, vê a federação como uma maneira de fazer frente ao PSD, mas sua oposição ao candidato preferido de Lira atrapalhou os planos.
Desafios para a União Brasil
Nos bastidores do União Brasil, há uma divisão interna sobre como proceder. Alguns parlamentares ainda acreditam que a federação pode ser vantajosa para o partido, especialmente em termos de estrutura para as eleições de 2026. No entanto, a resistência de Elmar Nascimento impede um avanço mais rápido. Para que qualquer movimentação mais concreta aconteça, os deputados do União Brasil acreditam que será necessário esperar até 2025.
Perspectivas para o PP e Republicanos
Mesmo com a resistência do União Brasil, o PP e o Republicanos parecem dispostos a seguir com a federação, já que o fortalecimento de uma aliança entre essas duas siglas poderia garantir uma base robusta para as eleições de 2026. O consenso em torno de Hugo Motta como candidato à presidência da Câmara é visto como um indicativo de que a parceria entre os dois partidos pode ser uma alternativa sólida, caso o União Brasil continue resistindo.
O cientista político Jorge Mizael observa que a federação entre PP e Republicanos tem o potencial de criar uma base sólida para as eleições futuras, tanto em termos de representação municipal quanto no Parlamento. Ele destaca que a união dessas duas siglas fortaleceria o Centrão, um grupo político que, desde 1988, tem exercido uma grande influência na política nacional.
Expectativas para o Centrão
A união entre PP e Republicanos pode gerar um fortalecimento do Centrão, especialmente em uma conjuntura pós-eleitoral que favorece o campo da centro-direita. Mizael acredita que essa aliança será estratégica, não apenas para as eleições municipais de 2024, mas também para 2026, quando a próxima eleição geral ocorrerá. “Unindo essas frentes, o Centrão sairá com muita força e musculatura política, tanto no âmbito municipal quanto no Parlamento”, afirma Mizael, apontando que essa união pode garantir o controle de um grande número de prefeituras e, consequentemente, mais apoio para os pleitos no Legislativo.
A Frente de Esquerda também se articula
Enquanto o Centrão tenta consolidar suas alianças, o PSB, PDT e Solidariedade também estão se articulando para formar uma federação com o intuito de contrapor a hegemonia do PT no campo da esquerda. Porém, as negociações entre essas siglas enfrentaram desafios, especialmente devido a disputas internas no PDT e divergências na disputa pela prefeitura de Fortaleza.
A relação mais próxima do PSB com o PT em alguns estados, como o Ceará, complicou ainda mais as negociações. O rompimento da aliança interna no PDT entre os irmãos Cid e Ciro Gomes e a migração de Cid para o PSB foram outros fatores que dificultaram o avanço da federação. Apesar disso, as siglas ainda conversam e esperam superar esses desgastes para firmar uma aliança que possa fortalecer sua posição nas eleições futuras.
O atraso nas articulações da esquerda e os recentes resultados insatisfatórios nas eleições gerais mostram que a federação entre PSB e PDT será uma estratégia de sobrevivência para essas siglas. O cientista político Jorge Mizael acredita que essa aliança será fundamental para garantir a projeção e a musculatura política do campo da esquerda, a fim de fazer frente à força do PT e à ascensão do Centrão no cenário político nacional.
As negociações para a formação de federações partidárias estão refletindo a complexidade do atual cenário político brasileiro, com diferentes grupos buscando alianças estratégicas para garantir força nas próximas eleições. Enquanto o Centrão segue com articulações para consolidar sua base, a esquerda também tenta superar suas divisões internas para criar uma frente que seja capaz de competir com a hegemonia do PT e das forças conservadoras. As eleições de 2024 e 2026 serão um teste para essas coalizões e para o futuro político de cada uma dessas siglas.