Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reagiu nesta sexta-feira (18) às duras medidas impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mesmo sem condenação, Bolsonaro terá que usar tornozeleira eletrônica, está proibido de sair de casa entre 19h e 7h, não pode usar redes sociais e está impedido de manter contato com diplomatas, embaixadas e outros investigados — incluindo seus filhos.
Em publicação nas redes sociais, Eduardo ironizou a decisão e sugeriu que a ação do STF foi uma resposta direta ao vídeo divulgado por Bolsonaro na véspera, em que o ex-chefe do Executivo agradece publicamente o apoio do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Alexandre de Moraes dobrou a aposta”, escreveu Eduardo em inglês:
“Moraes double down and after Bolsonaro’s video to @realDonaldTrump yesterday, Moraes ordered today to @jairbolsonaro:
1 – Wear electronic ankle bracelet
2 – He cannot leave house between 7 p.m. and 7 a.m.
3 – He cannot use social media
4 – He is prohibited from contacting foreign diplomats”
A declaração foi acompanhada de uma imagem listando as novas imposições judiciais.
As novas restrições: tornozeleira e silêncio forçado
Além das limitações de liberdade, Bolsonaro está proibido de comunicar-se com seus próprios filhos — Eduardo e Carlos Bolsonaro, também alvos do mesmo inquérito. O ex-presidente também está impedido de visitar sedes de embaixadas, uma reação interpretada como retaliação ao encontro que teve com embaixadores durante o mandato.
As medidas foram autorizadas por Moraes no âmbito da petição sigilosa PET 14.129, com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR). A investigação aponta possíveis crimes como coação no curso do processo, obstrução de justiça e atentado à soberania nacional.
A decisão judicial também determina que Bolsonaro se apresente à sede da Polícia Federal. Ele já responde a cinco processos no STF, entre eles os de tentativa de golpe de Estado e organização criminosa armada, com penas que, somadas, podem chegar a 43 anos de prisão.
Poucas horas antes da reação de Eduardo, a Polícia Federal deflagrou uma operação com mandados de busca e apreensão na residência de Jair Bolsonaro no Jardim Botânico, em Brasília, e em seu escritório na sede do Partido Liberal (PL).
Aliados do ex-presidente afirmam que a operação foi mais um passo no avanço autoritário do Judiciário contra a oposição política no Brasil. A suspeita, segundo eles, é que a real intenção seja afastar Bolsonaro definitivamente da vida pública e das disputas eleitorais.
Para Eduardo Bolsonaro, as restrições impostas são claramente políticas e violam princípios fundamentais da democracia:
“Estamos vendo a democracia ser rasgada em praça pública. O que está acontecendo com meu pai pode acontecer com qualquer um que ouse se opor ao sistema.”
Ele também alertou para o precedente perigoso que essas medidas representam:
“Sem condenação, sem julgamento, e mesmo assim, tornozeleira, silêncio forçado e isolamento. Isso é justiça ou perseguição?”
Bolsonaro: indignação e firmeza
Em entrevista à CNN Brasil na quarta-feira (16), Bolsonaro disse estar “indignado” com as acusações e negou qualquer envolvimento em supostas articulações golpistas. Disse também que não pretende deixar o Brasil, apesar das pressões, e reafirmou seu compromisso com a verdade e com o povo brasileiro.
“Estou tranquilo. Sei quem sou, o que fiz e o que represento para milhões de brasileiros. E vou continuar lutando pela liberdade.”
As novas imposições contra Bolsonaro aumentam a tensão entre os poderes e alimentam o debate sobre os limites da atuação do Judiciário. Para muitos analistas, a decisão de Moraes reflete uma tentativa de desarticular politicamente o principal nome da direita brasileira, num momento em que a oposição se reorganiza de olho nas eleições de 2026.
Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro reforça sua posição como voz ativa na defesa do pai e no combate ao que chama de censura disfarçada de legalidade.
A democracia está sendo colocada à prova — e o embate entre os defensores da liberdade de expressão e os agentes do poder institucional promete seguir intenso nos próximos meses.