Em um editorial contundente publicado nesta quarta-feira (15), o jornal O Globo destacou a grave crise fiscal enfrentada pelo Brasil sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com o título incisivo “Negar a gravidade da atual crise fiscal é inadmissível”, o texto é um alerta direto para os problemas crescentes na condução econômica do país.
Brasil no topo do déficit global
O artigo aponta que o Brasil ocupa o segundo pior lugar em um levantamento de 23 economias emergentes e desenvolvidas, ficando atrás apenas da Bolívia em termos de desempenho fiscal. O levantamento, realizado pelo banco BTG Pactual, considera receitas, gastos e despesas com juros da dívida.
Embora a Bolívia esteja projetada para melhorar sua situação fiscal em 2025, o editorial adverte que o Brasil enfrenta um cenário oposto, com o déficit em ascensão. Segundo o texto, o desempenho brasileiro “é ruim sob qualquer ângulo”, sendo inferior à média de países emergentes, desenvolvidos e da América Latina.
“Terraplanismo econômico” e desconfiança no mercado
O editorial faz críticas severas ao governo Lula, classificando a abordagem econômica como uma espécie de “terraplanismo econômico”. A metáfora é usada para ilustrar o negacionismo da equipe econômica diante da realidade fiscal alarmante.
O jornal aponta que o endividamento público do Brasil crescerá 14 pontos percentuais em relação ao PIB durante o atual mandato de Lula. Essa elevação gera desconfiança no mercado financeiro e contribui para a alta do dólar. A crítica se intensifica ao abordar as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o déficit público, destacando que o cálculo apresentado por ele exclui fatores fundamentais, como os gastos com juros da dívida.
A escalada do endividamento
Os dados expostos no editorial pintam um cenário preocupante:
- A dívida pública deverá alcançar 86% do PIB em 2025, 91% em 2027, e ultrapassará 100% em 2030, chegando a 116% em 2034.
- Os gastos com juros da dívida em 2024 já ultrapassaram R$ 1 trilhão, um recorde que evidencia o peso crescente do endividamento nas contas públicas.
O jornal critica ainda o uso de metodologias que mascaram a gravidade da situação fiscal, como a exclusão de fatores extraordinários nos cálculos apresentados pelo governo.
Chamado à responsabilidade
Na conclusão, O Globo destaca que a crise fiscal exige respostas urgentes e medidas concretas. “Negar a gravidade da crise fiscal é inadmissível. É hora de medidas à altura dos desafios”, alerta o editorial.
A mensagem deixa claro que o governo precisará agir de forma decisiva para conter o endividamento e recuperar a confiança do mercado, sob o risco de comprometer ainda mais a estabilidade econômica do país.