A cotação do dólar alcançou R$ 5,87 nesta sexta-feira, 1º de novembro, a mais alta do terceiro mandato de Lula, refletindo um pessimismo crescente do mercado em relação ao governo federal e sua falta de medidas concretas para contenção de gastos públicos. Embora o dia tenha começado com um cenário mais favorável, devido a dados econômicos fracos dos Estados Unidos, o clima rapidamente mudou após o anúncio de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estará na Europa na próxima semana. Essa viagem sugere que as medidas fiscais, aguardadas há meses pelo mercado, ainda não devem ser anunciadas.
Incerteza fiscal
A falta de clareza quanto ao ajuste fiscal alimenta a desconfiança dos investidores. O câmbio encerrou outubro com uma desvalorização mensal de 6%, e a alta do dólar em 2024 já é a terceira maior dos últimos 15 anos, com valorização acumulada de 19%. Apenas 2015, ano da crise que levou ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e 2020, primeiro ano da pandemia, registraram aumentos mais acentuados. Essa tendência crescente reflete uma pressão adicional pela falta de uma política fiscal sólida, com cortes de despesas que demonstrem compromisso em reduzir o déficit público.
A ausência de medidas efetivas no governo Lula 3 acentua o descontentamento entre economistas e investidores. Para Diego Costa, head de câmbio da B&T Câmbio, a incerteza fiscal é o principal vetor de pressão no câmbio. Enquanto o mercado espera sinais claros de ajuste nas contas públicas, as negociações entre o ministro Haddad e o presidente Lula sobre cortes de gastos permanecem sem definições concretas. Isso gera uma crescente aversão ao risco e eleva a demanda por segurança, fazendo o dólar se valorizar frente ao real.
Essa situação reflete um cenário em que a falta de ação do governo prejudica a credibilidade junto ao mercado e compromete a estabilidade econômica, impondo um custo direto aos brasileiros. A ausência de clareza e de cronograma para a contenção das despesas públicas acentua as desconfianças, sugerindo um governo mais voltado a administrar reações do que a agir proativamente.
Para que o cenário de aversão ao risco seja revertido, será necessário que o governo Lula implemente um plano fiscal concreto, com cortes de gastos definidos e prazos realistas. A pressão sobre o dólar não afeta apenas o câmbio, mas impacta toda a economia, desde a curva de juros até o poder de compra dos consumidores. Se o governo não agir rapidamente, o impacto negativo sobre a economia e a confiança dos investidores pode se tornar ainda mais crítico.
No atual contexto, a sinalização de uma política fiscal sólida e de compromisso com o controle das contas públicas parece ser essencial para acalmar os ânimos do mercado.