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segunda-feira, 16 setembro, 2024
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Dividendos desviados: Estratégia de distração na queda de Prates

Por Marina B.

A trama se desenrolou lentamente, culminando num desfecho que chegou quando todos estavam distraídos, tão imersos na tragédia que assolava o Rio Grande do Sul.

Em Brasília, era um segredo aberto que os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, conspiravam para derrubar o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

E, não, a demissão de Prates não está relacionada à distribuição dos dividendos extraordinários pela estatal, que, após idas e vindas, finalmente se concretizou. Desde o início, esse tema foi apenas uma cortina de fumaça para minar a autoridade de Prates. Os verdadeiros interesses em jogo envolvem investimentos vultosos em gasodutos, construção naval, e outros projetos.

Fontes de alto escalão do governo confirmaram à coluna que Silveira e Costa, nunca desistiram de desestabilizar Prates e acabaram convencendo Lula a demiti-lo. O presidente chamou o agora ex-presidente da Petrobras ao Planalto e comunicou-lhe a decisão, embora a versão oficial seja de que Prates esteja solicitando o encerramento antecipado de seu mandato.

Ele conseguiu prolongar sua permanência graças à intervenção de Fernando Haddad. O ministro da Fazenda teve suas demandas atendidas: ganhou assento no conselho de administração e viu os dividendos aprovados, o que beneficia o Tesouro. No entanto, a pressão de Silveira e Costa era avassaladora.

Lula busca alguém mais alinhado com uma visão “nacionalista” para o cargo, afirmam fontes do governo e da Petrobras, alguém disposto a abraçar com fervor os investimentos que eram bandeiras dos governos petistas anteriores.

Por isso a escolha de Magda Chambriand para liderar a estatal. Ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP) no governo Dilma Rousseff, Magda tem vasta experiência na exploração e produção de petróleo da Petrobras e laços estreitos com o grupo que descobriu o pré-sal.

Segundo fontes da companhia, esse grupo também acredita que a Lava Jato é resultado de uma conspiração da CIA para minar a Petrobras — uma teoria que Lula já expressou publicamente.

Quando o nome de Magda foi anunciado, as ações da empresa nos Estados Unidos despencaram, pois os investidores suspeitam de uma mudança radical de rumo. Com Prates, apesar do fim da paridade de preços internacionais, as mudanças foram mínimas.

No entanto, nada disso é surpreendente. Na campanha eleitoral, Lula ocultou suas intenções econômicas mais heterodoxas para ganhar o apoio dos eleitores do centro. Mas, quanto à Petrobras, ele sempre foi claro: para o PT, a estatal é uma ferramenta de desenvolvimento e poder. E nem mesmo a Lava Jato alterou essa convicção.

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