O presidente Lula expressou sua irritação em relação ao tema do déficit durante o programa Bom Dia Presidente, da Empresa Brasil de Comunicação. Ele argumenta que o problema não é o déficit em si, mas sim discutir a questão do déficit fiscal no Brasil. Lula prefere focar apenas no “déficit social”, ignorando as implicações econômicas desastrosas que o déficit fiscal traz consigo.
Desde que Lula assumiu a presidência em janeiro de 2023, a dívida brasileira aumentou significativamente, atingindo R$ 8,347 trilhões em março de 2024, representando 75,7% do PIB. Além disso, o déficit fiscal estrutural do país passou de um superávit de 0,2% do PIB em 2022 para um déficit de 1,6% do PIB em 2023.
Lula argumenta que é necessário distinguir entre gastos e investimentos, defendendo que o importante é saber se o dinheiro está sendo gasto ou investido. No entanto, essa distinção é falaciosa, pois o dinheiro público precisa ser retirado dos cofres independentemente de como é rotulado. Além disso, os investimentos que geram receita a longo prazo estão em declínio no Brasil sob o governo petista.
O presidente também tenta justificar a situação fiscal do Brasil comparando-a com a de países ricos e mais endividados, como os Estados Unidos e o Japão. No entanto, essas comparações são enganosas, pois esses países têm economias sólidas e podem rolar suas dívidas a juros muito menores do que o Brasil.
Enquanto Lula prefere se concentrar no “déficit social”, os mais prejudicados pela irresponsabilidade fiscal são os pobres, que sofrem com recessão, desemprego e inflação. No entanto, a preocupação do presidente parece não se traduzir em ações concretas para equilibrar as contas públicas. A proposta de cortes de gastos apresentada pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, pode ser mais um exercício fútil, dada a aparente falta de vontade política de Lula para implementar medidas de ajuste fiscal. Enquanto isso, o debate sobre o déficit fiscal continua sendo evitado no Planalto.
