O Itamaraty causa indignação em Israel ao evitar condenar os ataques do Irã. A nota emitida pelo ministério foi considerada insuficiente pelo governo israelense diante da gravidade dos ataques. Especialistas veem essa declaração como mais um sinal do distanciamento do Brasil em relação aos países ocidentais, intensificando as tensões diplomáticas com Israel após uma série de atritos nos últimos meses.
A nota apenas expressa “grave preocupação” com os ataques do Irã contra Israel. No último sábado, o Irã lançou cerca de 300 drones e mísseis contra Israel, mas a defesa aérea do país interceptou 99% dos projéteis. Foi a primeira vez que o Irã atacou Israel dessa maneira, conforme declarou o embaixador iraniano no Brasil, Daniel Zonshine.
Em entrevista à Gazeta do Povo, Zonshine lamentou a falta de uma condenação explícita por parte do Brasil aos ataques. “O Brasil não condenou [os ataques do Irã contra Israel], não sei se estavam esperando ver o que aconteceria… Mas, desde o início, após as primeiras informações sobre o ataque do Irã contra Israel, a expectativa era de que o pronunciamento do Itamaraty fosse de condenação”, lamentou Zonshine.
O chanceler brasileiro Mauro Vieira explicou que a nota foi redigida no início dos ataques no sábado, quando o Itamaraty ainda não tinha informações completas sobre a gravidade dos ataques. No entanto, quando perguntado se o Brasil emitiria uma nova declaração agora, considerando a magnitude do bombardeio, ele afirmou que o Brasil condena qualquer ato de violência.
O posicionamento do Brasil contrasta com o do G7 e da União Europeia, que condenaram veementemente os ataques. No entanto, países como China, Rússia e até mesmo a Venezuela, com os quais o presidente Lula tem mantido relações, adotaram uma posição semelhante à do Brasil. Pequim e Moscou expressaram “preocupação” com a situação no Oriente Médio e pediram “moderação” no conflito.
Para especialistas, essa postura do Itamaraty reflete o distanciamento do Brasil de países ocidentais e a tentativa de liderar o “Sul Global”, como defendido pelo presidente Lula. No entanto, essa abordagem pode resultar em uma posição subordinada em relação a autocracias que buscam desafiar a ordem internacional estabelecida.
A questão também levanta a questão de uma possível duplicidade de critérios nas relações exteriores do Brasil. Recentemente, o Itamaraty condenou os ataques contra o consulado do Irã em Damasco, na Síria, mas adotou uma postura mais branda em relação aos ataques contra Israel. Essa diferença de tratamento evidencia uma inconsistência na política externa brasileira.
O Brasil do Lula, segue sendo visto como um párea internacional.