Com pouco mais de quatro meses até as eleições municipais de 2024, o cenário político brasileiro está definido com mais de 16 milhões de eleitores inscritos em 29 siglas diferentes. Destacam-se o PL e o PT em meio à crescente polarização nacional, aumentando seus quadros em cerca de 240 mil filiados nos últimos quatro anos. Enquanto isso, siglas de centro como União Brasil e MDB sofrem com baixas significativas em suas fileiras.
Esses dados foram obtidos pelo Estadão com base em informações divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), comparando os meses de abril de 2020 e 2024, antes das respectivas eleições municipais. Embora nem todos os filiados tenham pretensões eleitorais, estima-se que cerca de 70% das novas filiações foram motivadas pelo engajamento em atividades partidárias contra adversários políticos, fenômeno que alguns têm chamado de “engajamento pelo ódio”.
Em termos absolutos, tanto o PT, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quanto o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, foram os que mais cresceram nos últimos quatro anos. O PT teve um saldo positivo de 118.795 filiados (7,7%), ultrapassando a marca de 1,6 milhão. O partido busca recuperar o desempenho dos primeiros anos do governo Lula após um resultado decepcionante em 2020, quando elegeu apenas 186 prefeitos e perdeu em todas as capitais.
Já o Partido Liberal ampliou sua base em 121.566 filiados (15,8%) no mesmo período, alcançando quase 900 mil filiados. Com 344 prefeitos eleitos em 2020, o partido espera aumentar sua representação no Congresso com pelo menos 20 parlamentares. Uma das estratégias é rivalizar com aliados do PT e de Lula para conquistar votos.
No entanto, legendas consideradas de centro, como o MDB, enfrentam uma redução contínua no número de filiados. O partido, que tem mais de 2 milhões de eleitores inscritos, perdeu 78 mil filiados em quatro anos, uma queda de 3,6%. Apesar de fazer parte da base de Lula em nível nacional, o MDB pode estar em palanques opostos em algumas cidades, como São Paulo.
Outro exemplo é o União Brasil, que uniu o DEM e o PSL e conta com o ex-juiz Sérgio Moro como uma de suas principais figuras. A legenda teve uma redução de 24,6% no número de filiados desde a última eleição municipal, perdendo 359.390 eleitores. Uma possível explicação é a saída de Bolsonaro do PSL após a eleição de 2018.
Algumas exceções incluem o PSD e o Republicanos, que têm atraído prefeitos em todo o Brasil. O PSD, liderado por Gilberto Kassab, aumentou sua base em 60.958 filiados (15%), enquanto o Republicanos, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, teve um crescimento de 86.945 inscritos (18%).
Os maiores crescimentos percentuais foram observados em partidos ideológicos menores, como UP, PCO, PSOL, Rede e Novo. Apesar de sua base de comparação menor, essas legendas têm se beneficiado de uma maior adesão pública a suas propostas. O Novo, por exemplo, conseguiu reverter uma tendência de queda ao aceitar o uso de recursos públicos em campanha e contar com o apoio do ex-procurador Deltan Dallagnol.
