A decisão do governo Lula de importar 1 milhão de toneladas de arroz para comercialização direta em mercados brasileiros, sob rótulo próprio, gerou críticas de parlamentares ligados ao setor agropecuário. Pedro Lupion, presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio, classificou a medida como um “abuso de poder político”.
Por sua vez, a senadora Tereza Cristina, ex-ministra da Agricultura no governo Bolsonaro, expressou surpresa com a venda do arroz importado “com a campanha do governo federal”, alegando que tal ação desencoraja os produtores nacionais.
Segundo ela, o anúncio foi prematuro, visto que a safra de arroz do Rio Grande do Sul já foi colhida, resultando em uma criação de pânico desnecessária pelo governo.
Reportagem do Estadão/Broadcast revelou que o governo federal, por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), está conduzindo uma operação sem precedentes, desde a importação até a distribuição do produto nos mercados brasileiros, incluindo supermercados e hipermercados. Esta ação foi autorizada por duas medidas provisórias, sendo a última publicada na sexta-feira (24).
O plano governamental envolve um gasto de R$ 7,2 bilhões do Orçamento federal para adquirir o arroz importado e vendê-lo diretamente em supermercados de sete regiões metropolitanas do país. O produto será disponibilizado por meio de leilões organizados pela Conab, com embalagens contendo a marca da estatal e a inscrição “arroz adquirido pelo governo federal”, ao preço tabelado de R$ 8 para pacotes de dois quilos.
Esta medida foi vista como uma intervenção estatal por produtores e comerciantes de arroz do Brasil, representando cerca de 10% do consumo anual do país. O governo alega que esta ação visa conter os aumentos de preços causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul e combater a especulação.
No entanto, Lupion e Tereza Cristina argumentam que os preços aumentaram no Brasil como resultado dos leilões do governo para comprar arroz.
Além disso, a ex-ministra observa que a importação pode demorar a chegar e que há diferenças entre o arroz produzido na Ásia e o arroz brasileiro, dificultando sua substituição pelos consumidores.
O assunto foi debatido no plenário do Congresso Nacional, onde o senador Ireneu Orth sugeriu que o governo deveria comprar arroz nacional em vez de importá-lo, argumentando que, somando a safra gaúcha à de outros estados, seria possível atender à demanda do país. Ele enfatizou que a decisão do governo desrespeitou os agricultores, ao preferir adquirir produtos estrangeiros em detrimento da produção nacional.