Parlamentares da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uniram-se em defesa do tenente-coronel Mauro Cid, após o vazamento de áudios atribuídos a ele, nos quais criticava a Polícia Federal e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), alegando pressão para fechar um acordo de delação premiada.
Os áudios, divulgados pela revista Veja na noite desta quinta-feira (21), traziam supostas declarações de Cid a uma pessoa não identificada, afirmando que os investigadores da Polícia Federal estariam desinteressados em conhecer a verdade sobre as atividades no gabinete do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele ainda teria mencionado que Moraes estaria pré-disposto a uma narrativa predeterminada, atuando como uma espécie de autoridade suprema.
Desde então, parlamentares têm acusado tanto a PF quanto o STF de exercerem pressão psicológica sobre Cid e de perseguirem os apoiadores do ex-presidente, com algumas vozes caracterizando a situação como indício de uma “ditadura” em curso.
O deputado federal Maurício Marcon (Podemos-RS), vice-líder da oposição na Câmara, comentou sobre os áudios, afirmando que eles “revelam o que todo mundo já sabe”, insinuando que Alexandre de Moraes estaria em uma missão de perseguir os conservadores e prender Bolsonaro.
Outros membros da oposição, como o deputado Coronel Meira (PL-PE), foram ainda mais longe, sugerindo que o país estaria testemunhando o retorno da tortura como uma ferramenta de Estado para forçar uma narrativa de delação premiada.
Em resposta às críticas, o ministro Alexandre de Moraes convocou Mauro Cid para prestar esclarecimentos ao STF na tarde desta sexta-feira (22), em uma audiência conduzida pelo desembargador Airton Vieira, designado como juiz instrutor, com a presença de um representante da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do advogado de Cid, Cezar Bittencourt. Este último ainda não se pronunciou sobre o assunto quando procurado pela imprensa.