O pedido de reabertura da investigação sobre a compra dos caças Gripen pela Força Aérea Brasileira reacende uma questão polêmica envolvendo o governo Lula. O deputado Sanderson (PL-RS), da oposição, solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que retome as investigações sobre o negócio, que envolveu US$ 4,5 bilhões e foi fechado em 2014. Embora a ação penal contra Lula tenha sido trancada pelo STF em 2023, o recente interesse do Departamento de Justiça dos Estados Unidos em apurar a operação com a sueca Saab deu novo fôlego ao caso.
O contrato de compra dos 36 caças Gripen foi alvo de denúncias de tráfico de influência e favorecimento político, principalmente por ter sido firmado durante o segundo mandato de Lula. O Ministério Público Federal chegou a denunciar o ex-presidente em 2016, questionando a escolha dos caças da Saab em detrimento de concorrentes como os F-18 Super Hornet da americana Boeing e os Rafale da francesa Dassault. No entanto, em 2023, o Supremo Tribunal Federal decidiu trancar a ação, com base na suposta parcialidade dos procuradores da Lava Jato, evidenciada pela “Vaza Jato”, que expôs trocas de mensagens da equipe da operação.
O interesse dos EUA no caso se tornou público após a Saab revelar que havia sido solicitada a fornecer informações às autoridades norte-americanas. Isso levanta a suspeita de que o favorecimento aos caças suecos em detrimento das aeronaves americanas tenha motivado a investigação. Para Sanderson, a investigação internacional justifica a necessidade de reabrir o processo no Brasil. Ele defende que, diante das novas informações, a PGR tem o dever de reavaliar o caso e investigar possíveis irregularidades.
Lula, por outro lado, criticou duramente o pedido de informações dos EUA, chamando-o de “intromissão” em assuntos internos do Brasil. Segundo o presidente, não há justificativa para que um país estrangeiro solicite detalhes sobre um contrato firmado por outro governo. Esse tipo de declaração reflete a preocupação do presidente com a interferência externa e o risco de que essa questão seja usada politicamente contra ele.
A tentativa de reabrir o caso dos caças Gripen, portanto, surge em um momento em que o governo Lula já enfrenta pressão da oposição, que busca explorar essa e outras denúncias para minar sua administração. O episódio coloca em evidência os desafios que o presidente terá pela frente para defender sua atuação em questões delicadas envolvendo contratos bilionários e interesses internacionais. Além disso, destaca o papel do Supremo Tribunal Federal, cuja decisão de arquivar a ação penal de 2023 será, sem dúvida, alvo de novas críticas, especialmente no atual cenário de questionamentos à imparcialidade de algumas de suas decisões.