O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) apresentou um pedido formal à Procuradoria-Geral da República (PGR) para que seja decretada a prisão preventiva de José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O motivo é o suposto envolvimento de Frei Chico em um esquema investigado pela Polícia Federal que teria desviado recursos de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Frei Chico ocupa o cargo de vice-presidente no Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), uma das 11 entidades sindicais sob investigação. A Polícia Federal apura o recebimento de cerca de R$ 259 milhões em descontos indevidos de aposentadorias entre 2019 e 2024, sem a devida autorização dos beneficiários. O Sindnapi é apontado como a terceira entidade com maior volume de recursos arrecadados no esquema.
Justificativa do pedido de prisão
No pedido enviado à PGR, Gayer argumenta que a prisão preventiva de Frei Chico é necessária para preservar a ordem pública e evitar interferências no curso das investigações.
Segundo o parlamentar, a permanência do investigado em liberdade pode representar risco à coleta de provas e à continuidade das apurações.
“É inadmissível que uma figura tão próxima ao presidente da República esteja em posição de comando em uma entidade envolvida em suspeitas tão graves, e ainda assim siga atuando sem restrições”, afirmou o deputado.
Posicionamento de Frei Chico
Em resposta, Frei Chico negou qualquer envolvimento com práticas ilegais dentro do Sindnapi. Em declaração ao jornal O Estado de S. Paulo, ele afirmou:
“Espero que a Polícia Federal investigue de fato toda a sacanagem que tem. No nosso sindicato, tenho certeza de que não temos nada.”
Até o momento, não há medida judicial decretada contra Frei Chico, e ele segue exercendo suas funções no sindicato. A investigação permanece sob sigilo, conduzida pela Polícia Federal em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU).
Contexto e próximos passos
A atuação de Frei Chico no sindicato é alvo de atenção especial por conta de sua nomeação em 2023, que teria contado com influência direta do presidente Lula. O episódio reacendeu o debate sobre a transparência e a supervisão das entidades que atuam junto aos beneficiários do INSS, especialmente no que diz respeito a autorizações de descontos consignados.
Apesar das suspeitas, o Sindnapi não teve contas bloqueadas nem foi incluído nas sanções administrativas até o momento. Segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), apenas entidades criadas com finalidade fraudulenta foram alvo das primeiras medidas judiciais.
A PGR ainda não se manifestou sobre o pedido de prisão feito por Gayer. Caso aceite a solicitação, o órgão poderá requerer à Justiça Federal a decretação da prisão preventiva de Frei Chico. A decisão dependerá da avaliação do risco à investigação e da consistência das provas apresentadas até o momento.