A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de manter o cargo mesmo durante internação hospitalar e procedimentos cirúrgicos vem gerando críticas e questionamentos no cenário político. Nesta quinta-feira (12), o deputado federal Evair de Mello (PP-ES) protocolou um requerimento solicitando que o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, seja convocado pela Câmara para esclarecer os motivos dessa decisão.
No documento, o parlamentar expressa a necessidade de explicações sobre os fundamentos jurídicos e administrativos que sustentaram a escolha do presidente de não transferir o exercício do cargo para o vice, Geraldo Alckmin (PSB).
– “Tendo em vista a competência de fiscalização do Poder Legislativo, apresentamos este requerimento para que sejam esclarecidas oficialmente questões sobre a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não transmitir o cargo ao vice-presidente Geraldo Alckmin durante o período de internação hospitalar e recuperação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, afirmou o deputado.
Evair de Mello também pediu que a Secom explique por que Lula não tirou licença para cuidar de sua saúde, algo que seria esperado em casos de internações prolongadas e procedimentos invasivos, como as duas cirurgias na cabeça às quais o presidente foi submetido.
Desde a última terça-feira (10), Lula está internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, tratando de uma hemorragia intracraniana causada por uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada em outubro. Apesar da gravidade do caso e das cirurgias realizadas, o presidente optou por manter formalmente suas funções.
Enquanto Lula permanecia na UTI, Geraldo Alckmin foi encarregado de uma tarefa pontual: recepcionar o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, em evento oficial. Fora isso, o vice não assumiu funções executivas mais amplas durante o período de internação do presidente.
A decisão de Lula foi criticada por opositores, que consideram a atitude um desrespeito à lógica administrativa e constitucional. Críticos apontam que a ausência de delegação formal de poder em situações de saúde delicada compromete a governança e a confiança no sistema político, além de gerar incertezas.
O debate também levanta questões jurídicas: especialistas questionam se manter-se no cargo durante internações graves é compatível com as obrigações constitucionais do presidente, que exigem plena capacidade física e mental para o exercício do mandato.
Transparência
A polêmica ressalta a importância da transparência em relação à saúde de líderes políticos e seus impactos na condução do governo. A decisão de Lula contrasta com protocolos adotados em outros países e mesmo em gestões anteriores no Brasil, em que a transferência de poder temporária é vista como um mecanismo de garantia institucional.
O requerimento apresentado pelo deputado Evair de Mello abre um novo capítulo na discussão, forçando o governo a oferecer explicações formais sobre uma decisão que tem gerado desconforto em parte da classe política e da opinião pública. Enquanto isso, Lula segue sob acompanhamento médico, com a promessa de retomar a agenda presidencial assim que receber alta hospitalar.