João Carlos Mariz Nogueira, ex-delator da Odebrecht, reaparece no cenário político brasileiro, agora como diretor da holding J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, segundo a Revista Oeste. Embora tenha denunciado irregularidades relacionadas à gestão do PT em suas delações, Nogueira tem participado ativamente de reuniões no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O executivo já esteve em 14 ocasiões no Palácio do Planalto entre 2023 e 2024, muitas vezes em reuniões que não constam das agendas oficiais.
Esse fato tem levantado questões sobre o tipo de influência e interesses representados por Nogueira, especialmente dado seu passado de envolvimento em esquemas de corrupção. Em algumas dessas reuniões, ele acompanhou os irmãos Batista, que, desde que se tornaram réus confessos de corrupção durante o governo Lula, continuam a se manter próximos do poder.
Desdobramentos jurídicos e políticos
Nogueira, que atuava como consultor, chegou a ser investigado e absolvido em uma ação penal relacionada às delações da Odebrecht. Atualmente, sua defesa espera o arquivamento completo da ação de improbidade. Contudo, a participação ativa de Nogueira em reuniões com autoridades do governo Lula levanta questionamentos sobre a influência de figuras envolvidas em escândalos de corrupção na condução de políticas públicas e investimentos.
A J&F afirmou que Nogueira representou a empresa em discussões sobre investimentos internacionais, como em petróleo e gás na Argentina e Bolívia. Esse cenário aumenta a preocupação com a transparência e lisura nas decisões tomadas pelo governo, especialmente em setores estratégicos como energia.
O retorno dos irmãos Batista ao Planalto
Os irmãos Batista, afastados do conselho de administração da JBS, continuam a marcar presença no Planalto. Desde 2023, estiveram em reuniões no governo Lula ao menos cinco vezes, muitas delas fora da agenda oficial. Em 2017, firmaram um acordo de delação premiada em meio aos escândalos de corrupção, mas ainda mantêm suas conexões com o governo. Recentemente, o ministro Dias Toffoli suspendeu um acordo de leniência firmado entre a J&F e o Ministério Público, atendendo a um pedido dos irmãos Batista.
A volta de figuras tão controversas como Nogueira e os Batista a um espaço de influência no governo Lula reforça as críticas que parte da sociedade e da oposição fazem à condução política atual. A manutenção de contatos e o papel dessas figuras nas decisões governamentais lançam uma sombra sobre a promessa de um governo comprometido com a ética e a transparência, tema sensível especialmente no contexto de um país que tem vivido anos de turbulências políticas e econômicas.
Investimentos em jogo e a continuidade das agendas políticas
Os encontros entre Nogueira e autoridades do governo, como o vice-presidente Geraldo Alckmin, sugerem que a influência empresarial segue forte nos bastidores do governo. Em um contexto de recuperação econômica e necessidade de atração de investimentos, o envolvimento de figuras associadas a escândalos de corrupção pode enfraquecer a imagem de seriedade do governo diante do mercado internacional.
A situação reacende o debate sobre o nível de participação de empresas e empresários envolvidos em delações e esquemas anteriores no governo atual e como isso afeta a credibilidade de suas políticas públicas e econômicas.