A defesa de Filipe Martins, ex-assessor da Presidência da República para Assuntos Internacionais durante o governo de Jair Bolsonaro, apontou uma grave contradição envolvendo o relatório da Polícia Federal (PF) que o indiciou no âmbito da Operação Tempus Veritatis, é o que aponta matéria da Revista Oeste.
Segundo os advogados, um discurso redigido por Martins, que deveria constar como prova no processo, foi omitido no relatório final da PF, embora o conteúdo do documento contrarie frontalmente as acusações feitas contra o ex-assessor.
A peça-chave omitida
e acordo com a defesa, o discurso, apreendido em fevereiro durante as investigações, rejeita qualquer insinuação de tentativa de golpe ou contestação ao resultado das eleições de 2022. O texto teria sido escrito para o então presidente Jair Bolsonaro e, em seu trecho mais enfático, declarava:
“Mesmo considerando essa eleição ilegítima, não irei contestá-la. Meu amor pelo país e pelo povo brasileiro está acima de tudo. Seguirei firme em meu compromisso com nossa nação e lutarei desde o primeiro dia contra um governo que considero ilegítimo e sem condições morais de governar o nosso país.”
Os advogados argumentam que o conteúdo do discurso desmonta a narrativa que há meses coloca Martins como suposto articulador de uma ação contra o processo democrático.
A defesa também questiona a ausência do discurso no relatório final da Polícia Federal. Para os advogados, essa omissão pode indicar uma conduta parcial por parte da PF, com a seleção de provas de forma a reforçar acusações em detrimento de elementos que poderiam inocentar Martins.
“Esse grave indício de má-fé precisa ser esclarecido com urgência e, se necessário, investigado pelas autoridades competentes”, afirmaram os advogados.
A ausência do discurso no relatório levanta dúvidas sobre a integridade do processo investigativo. Para a defesa, a atitude compromete a credibilidade das investigações e exige apuração rigorosa.
Bolsonaro e a postura de rejeição a qualquer golpe
O trecho do discurso revelado pela defesa reforça a postura de Jair Bolsonaro, que, mesmo diante de críticas ao processo eleitoral, declarou diversas vezes sua intenção de respeitar as instituições democráticas. A narrativa construída em torno de Martins, portanto, ganha contornos questionáveis, especialmente diante de provas que apontam para o contrário.
No entanto, a defesa mantém que a inclusão do discurso no processo desmentiria essa hipótese e provaria que as ações de Martins estavam alinhadas com o respeito à ordem constitucional.
As revelações sobre omissões no relatório da PF reforçam as preocupações sobre a condução parcial de algumas investigações em curso no Brasil. A defesa de Filipe Martins solicita que as autoridades analisem os documentos com imparcialidade e exigem que as provas omitidas sejam incluídas no processo.
Se confirmada a tentativa de distorcer os fatos, será um alerta grave sobre o uso seletivo de informações para criminalizar adversários políticos e comprometer a imagem de figuras ligadas ao governo Bolsonaro.