A defesa de Filipe Martins, ex-assessor especial da Presidência da República no governo Jair Bolsonaro, afirmou que autoridades norte-americanas já identificaram o responsável pela falsificação de registros migratórios que serviram de base para acusá-lo de tentativa de fuga do Brasil. A revelação foi feita pelo advogado Jeffrey Chiquini nesta terça-feira (8), em entrevista à Rádio AuriVerde.
Segundo Chiquini, a inserção fraudulenta no sistema imigratório dos Estados Unidos foi feita com o envolvimento de agentes públicos, e a gravidade do ato, segundo ele, revela perseguição política.
“Já se sabe quem foi o responsável pela inserção falsa no sistema americano. É muito grave o que aconteceu. É criminoso. Tem agente público que deveria estar na cadeia pelo que fizeram contra o Filipe Martins”, afirmou o advogado.
Acusação de tentativa de fuga perde força
Martins é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Operação Tempus Veritatis, que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. A Polícia Federal sustenta que o ex-assessor embarcou no mesmo voo que levou Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, em 30 de dezembro de 2022, em uma suposta tentativa de escapar da Justiça brasileira.
No entanto, a defesa desmontou essa narrativa com documentos oficiais. A companhia aérea Latam confirmou que Martins embarcou de Brasília para Curitiba no dia 31 de dezembro, ou seja, no dia seguinte à viagem de Bolsonaro, permanecendo em solo brasileiro durante todo o período alegado como fuga.
Denúncia de perseguição e manipulação
De acordo com a defesa, a suposta manipulação de registros migratórios teve clara motivação política. O advogado Marcelo Almeida Santanna, que conduz a parte internacional do caso, continua atuando nos Estados Unidos, enquanto Chiquini assume os procedimentos junto ao STF.
A equipe jurídica afirma que, além da prova de que Martins estava no Brasil, a tentativa de atribuir-lhe fuga internacional se baseou em documentos forjados, o que coloca sob suspeita parte da investigação da Polícia Federal.
A denúncia de fraude e perseguição reforçou a narrativa adotada por bolsonaristas, que veem as investigações como instrumento de repressão política por parte do Judiciário e do atual governo. Filipe Martins é um dos nomes mais próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, tendo atuado como conselheiro internacional e voz influente em pautas ideológicas do governo.
Segundo aliados, o caso comprova o uso de mecanismos do Estado para criminalizar opositores políticos, com ações coordenadas para manipular provas e promover prisões ilegais.
Com a suposta fraude reconhecida por autoridades norte-americanas, a defesa de Martins deve apresentar os novos documentos ao STF, solicitando o trancamento da ação penal e responsabilização de quem for identificado como autor da falsificação.
“O que houve foi uma tentativa de fabricar um fato criminoso para manter Filipe preso e alimentar uma narrativa golpista que nunca existiu”, concluiu Chiquini.
O caso promete ganhar ainda mais repercussão, sobretudo se os nomes dos agentes envolvidos forem oficialmente divulgados. A expectativa da defesa é que a verdade prevaleça e que o Judiciário reconheça a ilegalidade da prisão de Filipe Martins.