O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da Assembleia Geral da ONU, na semana passada, gerou reações negativas e constrangimento entre diplomatas brasileiros, conforme relatos ao Diário do Poder. Segundo essas fontes, a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva (Janja), teria interferido na versão final do discurso, que originalmente havia sido preparado por uma equipe diplomática com o rigor habitual. As mudanças introduzidas pela esposa do presidente resultaram em um texto que foi considerado irrelevante, a ponto de ser praticamente ignorado pela mídia internacional.
Diplomatas irritados
Diplomatas, incluindo aqueles próximos ao assessor especial Celso Amorim, expressaram frustração com o resultado final do discurso. Segundo relatos, a intervenção de Janja prejudicou a relevância do pronunciamento de Lula, que poderia ter sido mais impactante. A falta de destaque do discurso na imprensa estrangeira foi vista como um reflexo direto dessas alterações, que, na visão de membros da Casa, tiraram o peso diplomático que o pronunciamento teria.
Descrédito na reforma da ONU
Entre as críticas direcionadas ao discurso de Lula está a defesa de uma “reformulação da ONU”, uma proposta que, de acordo com diplomatas, não foi levada a sério por outros países e caiu no esquecimento logo após a apresentação. A ideia de reformar as estruturas da organização internacional, embora defendida há anos pelo governo brasileiro, foi considerada inoportuna e mal desenvolvida no contexto atual.
Atitudes de Janja
Outro episódio que causou desconforto foi a repreensão de Janja a um assessor que, ao tentar traduzir uma pergunta de um repórter internacional para Lula, foi impedido por ela, que rapidamente pediu para “não explicar”. A atitude foi vista como uma interferência desnecessária, contribuindo ainda mais para o constrangimento de diplomatas e assessores presentes.
Repercussão mínima
O descontentamento generalizado entre os diplomatas reforça a percepção de que o discurso de Lula, que poderia ter sido uma oportunidade de fortalecer sua posição internacional, perdeu relevância devido à interferência não planejada e à inserção de propostas que não tiveram eco no cenário global. Para muitos, o pronunciamento foi rapidamente esquecido, assim que o presidente deixou o plenário da ONU, destacando um episódio que misturou diplomacia com questões pessoais e políticas internas.
Este episódio levanta questionamentos sobre o papel de Janja na articulação de temas diplomáticos e sua influência sobre as decisões estratégicas do governo. O desgaste entre os diplomatas demonstra que a ingerência em um discurso de tamanha importância gerou mais prejuízos do que benefícios à imagem internacional do presidente e do Brasil.