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quarta-feira, 22 outubro, 2025
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Declarações de Lula preocupam Itamaraty às vésperas de possível encontro com Trump

Por Alexandre Gomes

Posicionamentos recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre política externa acenderam um sinal de alerta no Itamaraty. A preocupação de diplomatas brasileiros cresce diante da possibilidade de um encontro com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, previsto para o próximo domingo (26), durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), na Malásia.

Nos bastidores, diplomatas relatam desconforto com o tom adotado por Lula em suas últimas falas públicas. Em uma delas, o presidente afirmou que o Brasil tem como prioridade manter a América Latina e o Caribe como uma “zona de paz” e alertou que “intervenções estrangeiras podem causar danos maiores do que os que se pretende evitar”. A declaração foi interpretada como uma crítica indireta às ações dos Estados Unidos na região — especialmente no Mar do Caribe, onde operações militares têm sido intensificadas sob a justificativa de combate ao narcotráfico ligado ao regime de Nicolás Maduro, na Venezuela.

Críticas a Trump e defesa de Maduro

A situação se agravou após Lula voltar a atacar Donald Trump diretamente. Ao relembrar o período em que o republicano impôs sobretaxas ao Brasil, Lula declarou que seu governo “não abaixou a cabeça” frente às medidas, e que Trump havia “ofendido” o país. A fala foi mal recebida por setores da diplomacia brasileira, que têm atuado para reconstruir pontes com os EUA e ampliar o diálogo bilateral.

Segundo fontes do Itamaraty, o momento exige cautela, especialmente diante de um cenário internacional instável e de disputas geopolíticas crescentes. O Ministério das Relações Exteriores busca manter a agenda centrada em pontos positivos, como o fortalecimento do comércio bilateral, a cooperação ambiental e a revisão de barreiras tarifárias a produtos brasileiros.

Choque entre discurso político e estratégia diplomática

Apesar do esforço técnico da diplomacia, Lula tem insistido em um discurso crítico aos Estados Unidos e, em especial, ao ex-presidente Trump — mesmo diante da tentativa de reaproximação em andamento. Para analistas, esse tipo de retórica pode gerar obstáculos na relação com Washington, em especial num contexto em que Trump aparece como favorito para voltar à Casa Branca nas próximas eleições presidenciais americanas.

Ainda assim, o Itamaraty mantém a expectativa de que o possível encontro na Malásia ocorra em clima construtivo. A agenda, segundo fontes do governo, deve incluir temas como comércio, investimentos e a busca por uma retomada mais pragmática das relações bilaterais.

Desde a conversa entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, na quinta-feira (16), Lula fez ao menos três pronunciamentos em que, direta ou indiretamente, voltou a criticar Trump — o que ampliou a preocupação entre os diplomatas.

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