Fabiano Silva dos Santos decide deixar o comando da empresa após desgaste, denúncias e rombo bilionário; estatal enfrenta crise sob governo petista
A gestão dos Correios, uma das estatais mais emblemáticas do Brasil, mergulhou ainda mais em turbulência nesta sexta-feira (9), com a decisão do presidente da companhia, Fabiano Silva dos Santos, de entregar o cargo. O anúncio foi feito a auxiliares durante uma reunião interna, sob o argumento de “problemas de saúde” e a necessidade de focar na recuperação pessoal. Nos bastidores, porém, o cenário aponta para um ambiente insustentável de crise, escândalos e má gestão.
Silva, que foi nomeado por Lula no início do terceiro mandato petista, enfrenta forte pressão após a revelação de um prejuízo de R$ 1,7 bilhão apenas no primeiro trimestre de 2025, além de investigações por assédio moral, publicidade suspeita e suposto cabidão de empregos envolvendo aliados políticos e familiares de dirigentes.
Correios afundam sob Lula 3
Apesar de prometer “profissionalismo” e “eficiência na gestão das estatais”, o governo Lula tem visto empresas públicas voltarem a apresentar prejuízos milionários, enquanto cargos são loteados entre partidos da base aliada. No caso dos Correios, a politização da gestão e o inchaço da máquina pública voltaram com força, arrastando a estatal para o vermelho.
Relatórios do Ministério Público do Trabalho e do Ministério Público Federal apontam para condutas incompatíveis com a administração pública, incluindo assédio na cúpula da estatal, gastos suspeitos com publicidade que podem atingir até R$ 380 milhões, além de denúncias de favorecimento político em contratos com terceirizadas.
Com a saída de Fabiano, o comando dos Correios se torna mais um objeto de barganha política no tabuleiro do Palácio do Planalto. O União Brasil, partido da base governista e com influência crescente no Senado, se movimenta para indicar o novo presidente da estatal, com apoio do senador Davi Alcolumbre (AP).
A entrega do cargo ocorre num momento em que Lula tenta conter o desgaste com o Congresso, onde já enfrenta derrotas frequentes em temas centrais, como o aumento do IOF e vetos à agenda econômica. A troca na presidência dos Correios é vista como uma tentativa de acalmar ânimos e redistribuir espaço político entre os aliados.
Estado inchado e ineficiência
O caso expõe, mais uma vez, os efeitos do retorno do aparelhamento político em estatais no governo do PT. A promessa de “reconstrução do Estado” esbarra na realidade de empresas públicas mal geridas, inchadas por indicações políticas, sem transparência e com prejuízos crescentes.
A população, que deveria ser beneficiada com serviços eficientes e modernos, paga a conta da ineficiência e da partidarização. Os Correios, que já enfrentam concorrência crescente do setor privado e que deveriam buscar modernização, afundam em escândalos e má gestão.
A demissão de Fabiano Silva dos Santos sintetiza o fracasso da tentativa do governo Lula de apresentar profissionalismo na condução das estatais, enquanto na prática retorna com força total o uso político dessas estruturas. O rombo bilionário, os escândalos e as investigações mostram que o discurso de eficiência não resiste ao peso das velhas práticas do fisiologismo estatal.
E se Lula insiste em acusar os outros de protegerem os ricos, fica cada vez mais difícil esconder o caos instalado nas estatais sob sua gestão — um caos que custa caro para todos os brasileiros.