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quinta-feira, 19 setembro, 2024
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Crise nas indústrias químicas: Empresas suspendem atividades no Brasil

Por Marina B.

Duas grandes fabricantes de produtos químicos decidiram encerrar suas operações no Brasil devido ao aumento de importações de baixo custo, principalmente da Ásia.

A Fortal Química, pertencente ao grupo Formitex, suspendeu indefinidamente suas atividades em Candeias (BA) em razão da concorrência com produtos chineses. Já a Rhodia, controlada pela belga Solvay, anunciou o fim da produção de bisfenol em sua planta em Paulínia (SP), em operação desde 1980.

Essas decisões pressionam o governo a aumentar as tarifas de importação para conter a entrada de químicos estrangeiros. No dia 18, o Gecex, comitê da Câmara de Comércio Exterior composto por dez ministérios, avaliará um pedido da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) para aumentar temporariamente as tarifas sobre 63 produtos.

Entre 2000 e 2023, a participação de importados no mercado brasileiro passou de 21% para 47%. No primeiro semestre de 2024, o déficit comercial do setor atingiu quase US$ 22 bilhões, e o nível de ociosidade da indústria nacional alcançou o pior índice da história.

O presidente da Abiquim, André Passos Cordeiro, atribui a paralisação das unidades da Fortal e da Rhodia à demora nas decisões do governo. No dia 9 de agosto, a Rhodia enviou uma carta ao vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, informando que encerrará a produção de bisfenol A no Brasil, devido à falta de energia e gás a preços competitivos, além das importações desleais.

O bisfenol A é utilizado na produção de policarbonato e revestimentos epóxi, ambos com várias aplicações industriais. As importações de bisfenol, especialmente da China, dobraram entre 2022 e 2023, com uma queda de 32% nos preços.

A Rhodia é a única produtora de bisfenol A na América do Sul. A Fortal Química também suspendeu suas operações por não conseguir competir com os preços dos importados, principalmente de HPMC, vendido por fornecedores chineses a US$ 2/kg.

André Passos Cordeiro alerta que Fortal e Rhodia são apenas as primeiras empresas afetadas e que uma onda de fechamentos pode ocorrer no setor, citando a planta de nitrato de amônio da Yara Fertilizantes como exemplo.

A falta de subsídios e os altos preços do gás no Brasil são questões centrais. Enquanto a China oferece mais de mil programas de subsídios para sua indústria química, o Brasil possui apenas o Reiq. Além disso, o gás no Brasil chega a custar até US$ 14 por milhão de BTU, muito acima do valor nos Estados Unidos e na União Europeia.

Desde a guerra na Ucrânia, em 2022, a Rússia tem vendido gás com descontos significativos para países como China e Índia, aumentando a competitividade asiática. Estados Unidos e União Europeia já aumentaram temporariamente as tarifas de importação para proteger suas indústrias.

Passos Cordeiro afirma que processos antidumping não são uma solução rápida para o Brasil, pois são caros e demorados. Ele defende a elevação temporária das tarifas como a resposta mais adequada no momento.

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