Dólar Hoje Euro Hoje
segunda-feira, 1 dezembro, 2025
Início » Crise econômica e insegurança aceleram queda de Lula às vésperas do ano eleitoral

Crise econômica e insegurança aceleram queda de Lula às vésperas do ano eleitoral

Por Alexandre Gomes

À medida que o Brasil se aproxima do ano eleitoral, o governo Lula entra em seu momento mais delicado desde o início do mandato. Os sinais sucessivos de deterioração econômica, somados ao acúmulo de crises políticas e de gestão, vêm ampliando o desgaste do Planalto e alimentando uma crescente desconfiança do eleitorado — sentimento já detectado nas principais pesquisas nacionais.

A sequência de episódios negativos começou no fim de outubro, com a megaoperação policial no Rio de Janeiro, que recolocou a segurança pública, historicamente um ponto frágil para a esquerda, no centro do debate nacional. De lá para cá, o governo enfrenta uma tempestade política e econômica que ameaça a estratégia da reeleição.

As pesquisas mostram que o período de recuperação da popularidade de Lula, observado de junho a outubro, perdeu força. O impulso momentâneo obtido com a retórica contra o tarifaço imposto pelos EUA evaporou rapidamente. E, no lugar, instalou-se uma percepção crescente de estagnação econômica, improviso administrativo e falta de controle sobre temas cruciais.

Problemas na realização da COP 30, marcada por desorganização, críticas internacionais e até incêndio em Belém adicionaram mais desgaste à imagem do governo em um evento que deveria projetar liderança e competência.

Juros altos freiam o PIB e endividamento das famílias bate recorde

Os dados econômicos mais recentes reforçam a deterioração.
No dia 17, o Banco Central divulgou o IBC-Br, prévia do PIB, que mostrou queda de 0,9% no 3º trimestre. A equipe econômica culpou a Selic a 15% ao ano, maior patamar desde 2006, mas analistas destacam que a falta de disciplina fiscal do governo Lula impede qualquer alívio consistente nos juros, o que trava investimento, consumo e emprego.

O cenário das famílias é ainda mais duro:

  • 80% dos lares brasileiros estão endividados, o maior índice já registrado.
  • 30,5% das famílias têm dívidas em atraso.
  • 13,2% dizem não ter condições de pagar o que devem.

Na prática, o endividamento avançou mais rápido do que a renda, e o crédito ficou mais caro. O consumo desacelera, afetando indústria e comércio, enquanto o risco de inadimplência pressiona bancos e encarece ainda mais os financiamentos.

No mercado de trabalho, os sinais também mudaram para pior.
Em outubro, foram criadas apenas 85,1 mil vagas formais, queda de 35% em relação ao mesmo mês de 2024 e pior resultado desde 2020.
A indústria já projeta retração: o índice de expectativa de demanda da CNI caiu de 52,5 para 51,3 pontos, pior novembro desde 2016.

Além disso:

  • Emprego industrial caiu para 49,1 pontos.
  • Expectativa de exportações caiu para 48 pontos.

Todos abaixo da linha de estabilidade.

CPMI do INSS, megaoperações e COP 30 adicionam turbulência política

No plano político, o ambiente é igualmente adverso.
A nova fase da Operação Sem Desconto prendeu o ex-presidente do INSS e expôs fraudes bilionárias na Previdência.
O caso reacende questionamentos sobre gestão, aparelhamento político e falta de controle interno, temas sensíveis para o governo.

A operação impulsionou a CPMI do INSS, fortalecendo a oposição e desgastando ainda mais o Planalto.

Na COP 30, o governo acumulou constrangimentos:
pavilhão incendiado, críticas à estrutura, caos logístico e gastos elevados, ao menos R$ 787,2 milhões.
O episódio virou munição para críticas internas e internacionais sobre a capacidade organizacional do governo Lula.

Especialistas apontam falhas na resposta do governo

Segundo o cientista político Antônio Flávio Testa, o governo tentou reagir, mas fracassou.
Nem mesmo a tentativa de redirecionar o foco nacional para o julgamento eleitoral do governador do Rio, Cláudio Castro, teve efeito.

“A população aplaudiu a megaoperação, e Lula ficou fora da narrativa que dominou o país”, afirmou Testa.
Ao mesmo tempo, o governador anunciou novas operações contra o crime organizado, reforçando o contraste entre ação estadual e hesitação federal.

As negociações do PL Antifacção também expuseram divisões internas, ruído político e insatisfação generalizada.

No campo econômico, Testa aponta que muitos dados “não podem mais ser maquiados pela comunicação oficial”, especialmente diante da possibilidade de que Fernando Haddad deixe o governo em abril para disputar as eleições de 2026, cenário que ampliaria ainda mais a incerteza fiscal.

Cresce o espaço para a oposição e para o campo conservador

Para Juan Carlos Arruda, do Ranking dos Políticos, o governo enfrenta agora um terreno mais hostil:

  • segurança pública virou prioridade absoluta;
  • economia perde força;
  • escândalos e falhas administrativas se acumulam;
  • a confiança do eleitor moderado se deteriora.

Nesse ambiente, o campo conservador, liderado por Jair Bolsonaro, o ,maior líder político do Brasil, avança sobre o espaço perdido.
A narrativa de firmeza contra o crime, controle de gastos, ordem, soberania nacional e eficiência administrativa volta a ganhar força na opinião pública.

Pesquisas apontam retomada da queda na aprovação do governo

Grandes institutos, Quaest, Paraná Pesquisas e Futura Inteligência, registraram estagnação ou queda na aprovação presidencial.

Quaest

  • 50% desaprovam
  • 47% aprovam

Primeira queda desde maio.

Paraná Pesquisas

  • 45,9% aprovam
  • 50,9% desaprovam

Tendência de erosão gradual, mas constante.

O tema da segurança pública, reacendido pela megaoperação no Rio, foi apontado como o principal motor da mudança recente no humor do eleitor.

Com economia fraca, juros altos, inadimplência recorde, falhas de gestão, escândalos, desgaste internacional e ascensão do debate sobre segurança, tema historicamente desfavorável à esquerda, o governo Lula chega às vésperas do ano eleitoral no seu momento mais vulnerável.

A percepção crescente é de que o Planalto perdeu o controle da narrativa e da economia.
E, nesse vácuo, a oposição cresce, ganha visibilidade e consolida terreno para 2026.

Você pode se Interessar

Deixe um Comentário

Sobre nós

Somos uma empresa de mídia. Prometemos contar a você o que há de novo nas partes importantes da vida moderna

@2024 – Todos os Direitos Reservados.