O mercado financeiro segue pessimista em relação ao futuro da economia brasileira, especialmente com a deterioração fiscal desencadeada pelas políticas do governo Lula. As recentes projeções do Boletim Focus, divulgadas pelo Banco Central nesta segunda-feira (16), apontam para um cenário preocupante de alta na inflação, no câmbio e nos juros nos próximos anos, contrariando as promessas de equilíbrio e estabilidade feitas pela atual gestão.
Inflação fora de controle
A inflação esperada para 2024 subiu de 4,84% para 4,89%, ultrapassando novamente a margem de tolerância da meta de 4,5%. A expectativa para 2025 também piorou, passando para 4,60%. Vale lembrar que a meta de inflação estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) tem sido flexibilizada pelo governo, o que dá ao mercado a impressão de falta de compromisso com o controle de preços.
A política de expansão fiscal defendida pelo presidente Lula, ao priorizar gastos públicos sobre o ajuste nas contas, é vista como a principal responsável por alimentar a inflação. Além disso, o aumento de tributos e a pressão sobre a arrecadação têm limitado o espaço para investimentos produtivos, criando um ciclo vicioso de estagnação e elevação de preços.
Selic mais alta e estagnação econômica
O impacto das medidas fiscais sobre os juros também é evidente. A projeção da taxa Selic para 2025 subiu de 13,5% para 14%, uma clara resposta do mercado às incertezas geradas pelas políticas do governo. Com juros elevados, o custo do crédito aumenta, afetando negativamente empresas, consumidores e a capacidade de o país crescer de forma sustentável.
Para 2026, a estimativa também foi revista para cima, passando de 11% para 11,25%, mostrando que a desconfiança com a política econômica se estende além do mandato de Lula.
Dólar perto de R$ 6,00 e risco de desvalorização ainda maior
Outro reflexo do desajuste fiscal é a valorização do dólar frente ao real. A moeda americana, que já atingiu o patamar histórico de R$ 6,11 nos últimos dias, deve encerrar 2024 em R$ 5,99, segundo o Boletim Focus. A alta reflete não apenas a desvalorização do real, mas também a incerteza internacional em relação à capacidade do Brasil de equilibrar suas contas.
O dólar elevado pressiona ainda mais a inflação, já que muitos insumos e produtos consumidos internamente são precificados em moeda estrangeira. Isso cria um efeito cascata, penalizando os consumidores e alimentando a desconfiança do mercado.
Pacote econômico de Lula
O pacote econômico de Lula, apresentado recentemente pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi recebido com ceticismo pelos especialistas. Considerado insuficiente para reverter o rombo nas contas públicas, ele falha em atacar o problema estrutural de gastos obrigatórios e dependência de receitas extraordinárias.
A falta de cortes efetivos nas despesas e a insistência em medidas paliativas aumentam a percepção de risco, como evidenciado pela disparada do dólar. O mercado cobra ações mais contundentes, como reformas estruturantes e redução do déficit fiscal, mas a postura do governo tem sido hesitante.
Um mar de incertezas
A deterioração das expectativas econômicas reflete a fragilidade das políticas econômicas do governo Lula. O aumento do dólar, da inflação e dos juros impacta diretamente o bolso da população, sobretudo os mais pobres, que são os primeiros a sofrer com a alta nos preços.
Enquanto o governo insiste em uma agenda de ampliação de gastos sem apresentar contrapartidas efetivas, o mercado financeiro responde com desconfiança. Se não houver uma mudança drástica na condução da política fiscal, o Brasil corre o risco de enfrentar mais uma crise econômica que poderia ser evitada com ajustes mais firmes e responsáveis.