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terça-feira, 1 outubro, 2024
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Crise à vista: PF adverte sobre possível paralisação de atividades a partir de setembro

Por Marina B.


Uma série de cortes no orçamento da Polícia Federal, apesar das novas responsabilidades atribuídas pelo governo Lula, pode resultar na paralisação total de suas atividades a partir de setembro, desde os serviços essenciais, como emissão de passaportes e registro de imigrantes, até investigações de alta complexidade, de acordo com um relatório entregue ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e obtido pela Coluna do Estadão.

A segurança de autoridades pode ser suspensa já em maio, devido à falta de recursos para diárias e passagens. Nos bastidores, policiais de alto escalão se queixam de “desprestígio” e afirmam que a relação com o Palácio do Planalto está em seu pior momento.

Segundo a corporação, a necessidade de suplementação orçamentária para garantir a entrega de todas as atribuições da PF até dezembro é de R$ 527 milhões. No contexto do ajuste fiscal promovido pelo Ministério da Fazenda para alcançar a meta de déficit zero, essa cifra é considerada impensável.

O Ministério da Justiça afirmou estar em negociações com o Ministério do Planejamento para viabilizar a recomposição de parte do orçamento previsto, minimizando os impactos na execução das ações planejadas para 2024. O Palácio do Planalto não comentou sobre o assunto.

“Suspensão, paralisação e interrupção de serviços prestados pela PF a partir de setembro em todo o Brasil, atingindo o atendimento ao cidadão com passaporte, registro de imigrantes e tantos outros mais”, afirma o documento entregue ao ministro da Justiça.

Apesar de a restrição orçamentária à PF ameaçar suas atribuições diárias, a insatisfação com o governo federal não se limita à categoria. Servidores dos institutos federais no Rio, por exemplo, já aprovaram um indicativo de greve por reajuste salarial. Nesta semana, a ministra da Gestão, Esther Dweck, afirmou que a concessão de reajustes levará em conta o caráter político e fiscal.

A PF discriminou, no relatório entregue a Lewandowski, os cálculos para o pedido de suplementação orçamentária de R$ 527 milhões. Desse valor, R$ 203 milhões seriam necessários apenas para a recomposição do Orçamento cortado desde 2023.

O restante do “buraco” vem de missões imprevistas atribuídas pela PF pelo presidente Lula. Os custos foram estimados:

Operação Amas, que amplia a presença das forças de segurança na Amazônia: R$ 122 milhões Participação em Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO): R$ 79 milhões Operação de segurança no G20, em novembro: R$ 58 milhões Controle dos CACs (caçadores, atiradores e colecionadores), antes função do Exército: R$ 65 milhões. O governo transferiu as funções sem transferir o orçamento reservado a elas no caixa das tropas.

Essas atividades extraordinárias estão ameaçadas pela restrição orçamentária, assim como a Operação Lesa Pátria, que apura a tentativa de um golpe de Estado; e a Operação Argos, que foca em crimes transfronteiriços.

O desprestígio do governo Lula não é apenas orçamentário, mas também “simbólico”, segundo policiais federais do primeiro escalão. E tem afetado o humor da equipe. Sobram reclamações de uma suposta preferência palaciana pelos militares, apesar de setores das Forças Armadas terem planejado um golpe de Estado em aliança com o bolsonarismo, segundo investigações.

A decepção da PF com Lula começou com a escolha dos militares para comandar a segurança presidencial, mas atingiu seu ápice na semana passada. Na última quinta-feira, 4, o presidente faltou à solenidade de 80 anos da PF.

A cerimônia foi atrasada em duas horas para esperá-lo, e haveria a entrega de uma placa em homenagem a Lula. Entre os presentes, não faltou quem lembrasse que Lula e a primeira-dama Janja, poucos dias antes, foram ao Rio inaugurar um submarino da Marinha.

Além disso, o silêncio de Lula após a prisão, feita pela PF, dos supostos mandantes do assassinato de Marielle Franco foi avaliado internamente como “frustrante”. Só depois de a Coluna do Estadão questionar o Planalto sobre a insatisfação dos policiais, o presidente foi às redes sociais parabenizar o desfecho do caso e a captura dos fugitivos de Mossoró.

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