Parlamentares de oposição da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do INSS pretendem começar 2026 concentrando esforços para convocar Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, e o senador Weverton Rocha (PDT-MA). A retomada dos trabalhos está prevista para fevereiro, após a mais recente fase da Operação Sem Desconto, deflagrada em 18 de dezembro.
Weverton é citado pela Polícia Federal como possível beneficiário final de desvios ligados a descontos indevidos em benefícios do INSS. Já Lulinha não é investigado formalmente, mas passou a ser mencionado em razão da proximidade com a empresária Roberta Luchsinger, apontada como destinatária de transferências que somam R$ 1,5 milhão feitas por Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, descrito pela PF como um dos principais articuladores do esquema.
Pedidos de convocação dos dois já haviam sido apresentados, mas foram barrados pela maioria governista na comissão. Com o avanço das investigações, a oposição aposta em reverter esse cenário e levar as convocações à votação.
PF aponta senador como elo político do esquema
Vice-líder do governo no Senado, Weverton foi alvo de buscas e apreensões. A PF chegou a pedir sua prisão, negada pelo ministro André Mendonça, relator do caso no STF. Investigadores descrevem o senador como parte do “núcleo político” que teria dado sustentação às atividades do grupo.
O parlamentar nega envolvimento e afirma que decisões judiciais reconhecem a ausência de provas contra ele. Entre os indícios citados estão conversas de assessores do “Careca do INSS” sobre supostos pagamentos e o uso de aeronave ligada a grupo empresarial do investigado.
Citações a Lulinha ampliam pressão por esclarecimentos
Embora não seja alvo da operação, Lulinha aparece em mensagens e documentos analisados pela PF. Há referências a “o filho do rapaz” em diálogos sobre repasses financeiros e uma agenda apreendida traz a anotação “Fábio (filho Lula)” associada a credenciais de camarote em Brasília.
A defesa sustenta que Lulinha e Roberta são amigos e nega qualquer ligação com o esquema. Ainda assim, oposicionistas defendem sua oitiva para esclarecimentos.
Novos requerimentos e prorrogação da CPMI
O relator da CPMI, Alfredo Gaspar (União-AL), protocolou novos requerimentos de convocação para Lulinha, Weverton, Roberta Luchsinger, além de ex-assessores e ex-dirigentes do Ministério da Previdência. Segundo ele, há indícios de conexões políticas que teriam garantido a continuidade do esquema.
Deputados como Kim Kataguiri (União-SP) e Marcel van Hattem (Novo-RS) afirmam que as revelações apontam para um problema estrutural e defendem o avanço das convocações.
Paralelamente, a oposição reuniu assinaturas suficientes para prorrogar os trabalhos da CPMI até 26 de julho de 2026. O pedido cita a necessidade de analisar mais de 1.500 quebras de sigilo e dezenas de oitivas pendentes.
Com a prorrogação, a comissão entra no próximo ano com escopo ampliado e maior espaço político para aprofundar investigações que alcançam nomes próximos ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mantendo o tema no centro do debate no Congresso.