O advogado Enrique Lewandowski, filho do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, entrou na lista de possíveis depoentes da CPMI que investiga fraudes em aposentadorias do INSS. A convocação foi pedida pelo senador Izalci Lucas (PL-DF), que aponta suspeita de conflito de interesses e possível tráfico de influência.
Segundo documentos apresentados pelo senador, Enrique teria sido contratado para defender duas entidades investigadas: a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec) e o Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap). A Advocacia-Geral da União identificou as duas organizações como fictícias e responsáveis por um desvio de cerca de R$ 730 milhões.
Operação e suspeitas
A contratação ocorreu pouco antes da Polícia Federal deflagrar a Operação Sem Desconto, que apura o esquema de fraudes. Para Izalci, a atuação de Enrique pode ter ido além do campo jurídico, levantando dúvidas sobre tentativas de influenciar órgãos de controle e travar investigações.
Em nota ao jornal O Globo, o advogado negou qualquer relação com o Ministério da Justiça e disse que o contrato com as entidades tratava apenas de temas administrativos, sem conexão com a área criminal. Ainda assim, documentos apontam que havia previsão de representação em órgãos federais, o que levantou questionamentos sobre o alcance real de sua atuação.
Reações e defesa
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, Enrique se desligou do Cebap após o início da investigação da Polícia Federal. Uma ata de reunião mostra que ele chegou a se encontrar com o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, em dezembro de 2024.
O ministro Ricardo Lewandowski, ao ser questionado em abril de 2025, afirmou que o trabalho do filho é legal, amparado pelas normas da OAB, e sem relação com sua pasta. O Ministério da Justiça reforçou que o escritório de Enrique não apresentou petições, nem participou de audiências ou reuniões ligadas ao caso dentro da estrutura da pasta.