O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, tem sido alvo de críticas após nomear para cargos de assessoria dois clientes do escritório de sua ex-mulher, Renata Mollo, envolvidos em escândalos de gestão irregular de fundos de pensão. Júlio Vicente Lopes e Maurício Marcellini, que possuem histórico de punições administrativas e são alvos de investigações do Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Greenfield, têm assumido papéis de destaque na gestão da estatal, conforme apurado pelo Estadão.
Lopes, que foi diretor do Postalis (fundo de pensão dos Correios), já enfrentou multas e suspensões por sua participação em negócios irregulares, incluindo a compra superfaturada de um centro logístico em 2017, que causou prejuízos de R$ 180 milhões. Marcellini, ex-diretor do Funcef (fundo de pensão da Caixa), esteve envolvido em investimentos questionáveis no fundo Sete Brasil, que resultaram em perdas de R$ 5,5 bilhões. Ambos foram investigados por suas ações durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Em entrevista ao Estadão, a direção dos Correios afirmou que não há condenações definitivas contra os dois assessores e que suas nomeações não configuram conflito de interesse. No entanto, a presença de ex-dirigentes envolvidos em práticas financeiras questionáveis à frente de uma estatal que lida com recursos públicos gera preocupações sobre a transparência e a governança da instituição. Além disso, Lopes tem atuado diretamente em questões relacionadas ao Postalis, o que agrava as suspeitas de envolvimento contínuo em assuntos financeiros sensíveis.
O caso levanta questionamentos sobre a escolha de Fabiano dos Santos para cargos estratégicos em um momento de reestruturação e tentativa de recuperação financeira dos Correios, além de destacar a relação entre o ex-diretor dos Correios e o escritório da ex-mulher, que também defende Lopes e Marcellini em ações judiciais. A situação é um reflexo de um contexto mais amplo de críticas à gestão pública, que vem sendo amplamente coberto pelo Estadão e exige maior fiscalização para evitar a repetição de práticas danosas à administração pública.