O senador Angelo Coronel (PSD-BA), relator no Senado do projeto que prorrogou a desoneração da folha, expressou críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por sua insistência na reoneração de 17 setores da economia e dos municípios. Coronel, que também é o relator do Orçamento de 2025 no Congresso, argumentou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está adotando uma abordagem de economia excessivamente conservadora.
Na semana anterior, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin, atendendo a um pedido do governo, suspendeu a prorrogação da desoneração da folha, revertendo os efeitos de uma lei aprovada pelo Congresso. Coronel expressou surpresa e descontentamento com essa decisão, caracterizando-a como uma traição ao Congresso, e sugeriu que o presidente Lula está sendo influenciado negativamente por alguns de seus ministros.
Coronel criticou as declarações de Haddad sobre a necessidade de responsabilidade fiscal por parte do Congresso, argumentando que foi o Congresso Nacional que possibilitou o aumento das receitas, tanto no ano passado quanto neste ano. Ele comparou a abordagem do governo a uma economia de “mealheiro”, onde todas as moedas estão sendo guardadas sem considerar sua origem.
Questionado sobre a possibilidade de uma reviravolta na disputa em torno da desoneração, Coronel destacou o aumento na arrecadação e criticou a falta de iniciativa do governo em cobrar as outorgas das empresas de apostas esportivas. Ele rejeitou a ideia de que o Congresso aprovou despesas sem as devidas receitas, afirmando que foram criadas fontes de receitas suficientes para cobrir a desoneração.
Sobre a estratégia do governo na disputa, Coronel sugeriu que é mais uma questão de falta de conhecimento do que uma estratégia deliberada. Ele enfatizou a importância do Congresso agir de forma independente e criticou a falta de diálogo por parte do governo.
Coronel expressou sua preocupação com a possibilidade de o governo começar a governar em conflito com o Supremo Tribunal Federal, destacando a importância de respeitar as decisões do Congresso. Ele lamentou a falta de diálogo por parte do governo e sugeriu que o presidente Lula está sendo mal aconselhado por seus ministros.
Em relação à relação entre o governo e o Congresso, Coronel afirmou que não houve nenhum incidente específico que tenha piorado a relação, mas destacou a falta de diálogo e a sensação de traição após a decisão do STF.
Quanto à melhor solução para o impasse, Coronel enfatizou a importância de o ministro Zanin reconhecer os argumentos do Senado e garantir que as despesas decorrentes da desoneração estejam devidamente cobertas pelas receitas aprovadas pelo Congresso. Ele expressou esperança de que isso possa restaurar a paz e a cooperação entre os poderes.
