A atuação da Comissão de Ética Pública da Presidência da República durante o governo Lula tem gerado críticas devido ao aparente contraste em suas decisões.
Enquanto cinco ex-ministros do governo Bolsonaro foram punidos, denúncias contra 17 membros do atual governo petista foram arquivadas, levantando questionamentos sobre parcialidade e viés político.
Punições e arquivamentos
Entre os punidos, Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação, recebeu três sanções por declarações ofensivas ao educador Paulo Freire, a quem chamou de “feio” e “energúmeno”. Gilson Machado, ex-ministro do Turismo, também foi alvo da comissão após insultar o presidente Lula em redes sociais, referindo-se a ele como “ex-presidiário” e “cachaceiro”.
Por outro lado, denúncias contra figuras do governo Lula, como Vinícius Marques de Carvalho, atual ministro da CGU, foram arquivadas. Marques de Carvalho, envolvido em controvérsias relacionadas ao escritório de advocacia VMCA e à empreiteira Odebrecht, foi isento de penalidades, sob justificativa de que as atividades não configuraram conflito de interesses.
Outros ministros beneficiados incluem Fernando Haddad, Rui Costa, Marina Silva e Alexandre Silveira, que tiveram denúncias encerradas sem sanções. Processos contra Jean Paul Prates, ex-presidente da Petrobras, também foram arquivados.
Críticas
A oposição acusa a comissão de agir seletivamente e proteger aliados do governo Lula. Parlamentares destacam que a aplicação das sanções parece ser utilizada para reforçar uma narrativa contrária aos ex-integrantes do governo Bolsonaro, enquanto figuras da gestão atual são exoneradas de responsabilidade.
Deputados apontam que as decisões da Comissão de Ética não refletem imparcialidade e questionam a transparência nos arquivamentos, especialmente considerando que algumas denúncias seguem em sigilo.
As decisões da Comissão de Ética também repercutem nas relações entre Legislativo e Executivo. Líderes da oposição prometem intensificar a fiscalização sobre a atuação do governo e reforçar a cobrança por imparcialidade em processos éticos envolvendo integrantes da administração federal.
O caso revela um cenário de polarização política que segue influenciando instituições públicas, levantando dúvidas sobre a capacidade dessas entidades de operar de maneira independente e apartidária.