O jornalista Glenn Greenwald, colunista da Folha de S.Paulo, voltou a criticar o Inquérito das Fake News, um processo que foi criado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2019. Greenwald destacou, em sua coluna publicada no dia 4 de janeiro de 2025, a necessidade urgente de o STF encerrar esse inquérito, que concedeu ao ministro Alexandre de Moraes poderes extraordinários para investigar e coibir discursos considerados ataques à Corte, incluindo críticas políticas nas redes sociais.
O jornalista lembrou que, em entrevista de 2024, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, afirmou que o inquérito seria encerrado “em breve”, mas que, no início de 2025, ainda não houve movimentação nesse sentido. Greenwald questiona se o STF realmente planeja abrir mão desses poderes ou se, ao contrário, o cenário sugere que o tribunal tem pouco interesse em renunciar a uma medida que considera radical. Ele se referiu ao inquérito como uma ação que ampliou enormemente o alcance do STF, permitindo ao ministro Moraes supervisionar a política digital e investigando até mesmo críticas direcionadas aos próprios membros do tribunal.
A coluna também menciona críticas feitas pela ministra Cármen Lúcia, que classificou a concessão desses poderes como uma medida “extremamente grave”, necessária para enfrentar a situação “excepcionalíssima” das eleições de 2022. Ela defendia que os poderes fossem temporários, mas Greenwald ressalta que, como historicamente ocorre com poderes temporários, há uma tendência a sua permanência, especialmente quando se argumenta que há novas ameaças à democracia.
Ao comparar o Inquérito das Fake News com a “Patriot Act” dos Estados Unidos, aprovada após os ataques de 11 de setembro de 2001, Greenwald alerta para os riscos de os poderes extraordinários se estenderem indefinidamente. Ele argumenta que, assim como no caso norte-americano, os políticos frequentemente convencem a população de que uma ameaça existencial justifica a manutenção de poderes extraordinários, criando um ciclo que reforça a centralização do poder nas mãos do governo ou, no caso brasileiro, da Suprema Corte.