A desaprovação do governo Lula no mercado financeiro está em alta, de acordo com pesquisa da Genial/Quaest. O índice de reprovação aumentou de 52% em novembro para 64% no levantamento divulgado nesta quarta-feira, (20). Enquanto isso, a avaliação “regular” caiu de 39% para 30%, e a aprovação passou de 9% para 6%.
Os dados foram coletados entre quinta-feira (14) e terça-feira (19), sob o impacto das tentativas do governo de interferir na troca de comando da Vale e da decisão da Petrobras, tomada a pedido de Lula, de reter dividendos extraordinários. Para metade dos entrevistados (50%), o intervencionismo na economia representa o maior risco no governo Lula, mais do que o estouro da meta fiscal (23%) e a perda de popularidade do presidente (19%).
A pesquisa, realizada pela primeira vez neste ano, entrevistou gestores, economistas, operadores e analistas em 101 entrevistas com fundos de investimento sediados em São Paulo e no Rio de Janeiro, de forma online.
Há quase uma unanimidade entre os participantes (97%), de que foi um erro a decisão da Petrobras de não pagar dividendos extraordinários aos investidores. Porém, mais da metade (52%), acredita que a estatal distribuirá esses recursos aos acionistas até o final do ano. Para 85%, a decisão terá impacto negativo na bolsa de valores.
Em relação à Vale, 89% acreditam que os investimentos estrangeiros no Brasil diminuirão se o governo interferir na mineradora. E mais da metade (57%) dos entrevistados, disse ter alterado a carteira de investimentos após as declarações recentes de Lula sobre Vale e Petrobras.
Na esteira da polêmica gerada pelos comentários do presidente sobre a ação de Israel na Faixa de Gaza, 45% consideram que a imagem do Brasil no exterior piorou, mais do que os 28% que manifestaram esta percepção na edição anterior da pesquisa.
Apesar da piora na avaliação do governo Lula, a opinião sobre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, permanece positiva para metade, (50%) dos participantes. A aprovação de Haddad entre tomadores de decisão em fundos de investimentos, subiu em relação à pesquisa anterior, de 43% para 50%.
A aprovação da atuação do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, também avançou entre as pesquisas, de 85% para 94%. Apesar disso, ainda há uma rejeição forte à política econômica do governo, vista como errada por 71% dos participantes.
A percepção de que a situação econômica vai piorar nos próximos doze meses recuou de 55% para 32% desde novembro. E a maioria (47%) acredita que a situação econômica permanecerá a mesma no curto prazo.
A avaliação de que o governo está preocupado com o combate à inflação, é compartilhada por pouco mais da metade do mercado (51%), subindo de 44% em novembro. Até maio do ano passado, apenas 20% tinham essa opinião.
Quanto ao comunicado a ser divulgado após a reunião do Copom, 73% esperam a manutenção da mensagem de que os juros devem ter mais dois cortes de 0,5 ponto percentual.